Sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Crianças aprendem mesmo quando não estão prestando atenção, adultos precisam focar

A aparente incapacidade das crianças de prestar atenção lhes permite superar os adultos quando se trata de reter informações que foram instruídas a ignorar. A conclusão é de um estudo realizado pela Universidade de Toronto, no Canadá, publicado recentemente na revista científica The Journal of Neuroscience.

“O que descobrimos é que os cérebros das crianças podem armazenar informações de uma forma que os cérebros dos adultos não conseguem”, diz Yaelan Jung, que trabalhou no estudo como estudante de pós-graduação na Universidade de Toronto e atualmente é pesquisadora de pós-doutorado na Universidade Emory, em comunicado.

De acordo com a equipe, a descoberta preenche uma lacuna de conhecimento e mostra que a falta de atenção das crianças as leva a reter mais informações do mundo do que os adultos.

“O que descobrimos neste estudo fornece uma nova maneira de pensar sobre o que significa o desenvolvimento do cérebro. Muitas vezes, assumimos que, à medida que o cérebro se desenvolve, ele fará mais e fará as coisas melhor. Assim, muitas vezes pensamos que os adultos são melhores e mais inteligentes do que as crianças. No entanto, nosso trabalho mostra que nem sempre é esse o caso. Em vez disso, os cérebros das crianças podem apenas fazem as coisas de maneira diferente dos adultos – e, consequentemente, às vezes podem fazer mais do que os adultos, avalia a autora.

O estudo envolveu 24 adultos com idade média de 23 anos e 26 crianças com idade média de 8 anos. A equipe pediu aos participantes que observassem uma série de quatro ilustrações estáticas: uma abelha, um carro, uma cadeira e uma árvore. Cada imagem era acompanhada por um fundo de pontos cinza movendo-se em uma das quatro direções: para cima, para baixo, para a esquerda e para a direita.

Em uma fase do estudo, os participantes foram instruídos a ignorar os pontos em movimento e apertar um botão quando um objeto – digamos, uma abelha – aparecia mais de uma vez. Em outra fase, eles foram solicitados a ignorar os objetos e apertar um botão quando o movimento dos pontos fosse repetido.

Essas tarefas foram realizadas sob monitoramento de ressonância magnética que mediu a atividade cerebral dos participantes, revelando como a atenção molda o que é representado nos cérebros dos participantes.

Os resultados mostraram que, como esperado, os adultos fazem um ótimo trabalho ao focar sua atenção em uma tarefa atribuída e não prestam atenção às informações que devem ignorar. As crianças, por outro lado, absorvem as informações secundárias que são instruídas a ignorar quando recebem a mesma tarefa.

“O estudo sugere que essa abordagem de ser mais sensível ao ambiente mais amplo, ao custo de prestar atenção a coisas específicas, é melhor para a compreensão de sistemas complexos. Pode ajudar a formar um nível mais alto de compreensão de nosso ambiente completo”, explica Amy Finn, professora associada do departamento de psicologia da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Toronto e uma das autoras do estudo.

Segundo os autores, a descoberta ajudaria a explica porque a infância dos humanos é tão longa, em comparação com outras espécies.

“Dependendo da sua definição de infância, os humanos são crianças por oito ou nove anos. Em comparação com outras espécies, isso é muito tempo e uma explicação para uma infância tão longa é que nós, humanos, temos muito a aprender. Outra é que é importante para o nosso QI absorver tanta informação quanto nós. Outra ainda é que precisamos absorver todas essas informações quando crianças para conectar nossos cérebros adequadamente, para desenvolver os circuitos e caminhos para o processamento de informações”, especula Finn.

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