Sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Crianças realmente aprendem habilidades novas mais rápido que os adultos? Novo estudo diz que não

Há uma crença popular que diz que crianças são melhores para aprender novas habilidades do que os adultos, porém, um estudo da Universidade de Copenhague parece contradizer isso. Segundo os pesquisadores, os jovens adultos aprendem mais rápido do que as crianças — mas também tendem a esquecer mais rapidamente. Mas que um sono reparador pode beneficiar mais as crianças.

Acredita-se que as crianças aprendem novas habilidades motoras mais rápido do que os adultos, seja dominando pistas de skate, aprendendo novos idiomas, dando cambalhotas ou aprendendo novos passos de dança no TikTok.

“Há uma suposição na literatura científica popular e em vários livros didáticos de que crianças em uma certa faixa etária — de aproximadamente 8 anos até a puberdade — são melhores em aprender novas habilidades do que adultos. Isso é frequentemente descrito como uma ‘era de ouro’ para o aprendizado de habilidades motoras, mas não há nenhuma base fisiológica real para essa chamada era de ouro”, diz Jesper Lundbye-Jensen, professor associado do Departamento de Nutrição, Exercício e Esportes da Universidade de Copenhague e chefe da seção Movimento e Neurociência.

Para testar a afirmação, os pesquisadores testaram as habilidades de aprendizagem motora de 132 participantes de quatro faixas etárias: 8–10 anos, 12–14 anos, 16–18 anos e 20–30 anos.

Em um ambiente de laboratório, os participantes praticaram mover um cursor em uma tela de computador com movimentos rápidos e precisos dos dedos. O desempenho dos participantes foi medido imediatamente após a introdução à tarefa (como linha de base), durante a sessão de treinamento e novamente 24 horas depois.

Durante a sessão de treinamento em si, tanto os jovens de 16 a 18 anos quanto os de 20 a 30 anos melhoraram suas habilidades significativamente mais do que os de 8 a 10 anos.

“Parece que tanto os adolescentes quanto os adultos mais jovens estão mais bem equipados para adquirir novas habilidades rapidamente, em comparação com as crianças, que mostraram melhorias menores e mais lentas. Pelo menos quando se trata de aprendizagem de curto prazo e habilidades motoras que este estudo investigou”, explica Mikkel Malling Beck, principal autor do estudo.

Embora os pesquisadores não consigam identificar as razões exatas pelas quais os adultos aprendem mais rápido, eles têm algumas teorias.

“Os resultados demonstram que quanto mais velhos os participantes são, mais habilidosos eles se tornam durante os estágios iniciais do treinamento. Isso sugere que eles tiram mais proveito da introdução da tarefa. Suspeitamos que o desenvolvimento cognitivo e uma maior capacidade de processar informações desempenham um papel — o que significa que os adultos podem ter mais experiência em receber instruções e traduzi-las em ação”, afirma Lundbye-Jensen.

O pesquisador também diz que o sistema nervoso de um adulto está completamente desenvolvido, o que fornece melhores condições estruturais para o aprendizado. “Ou seja, depois de muitos anos de escolaridade, os adultos podem ser aprendizes mais experientes e, portanto, mais eficientes em aprender coisas novas”, diz o pesquisador.

Sono 

“Quando olhamos para o que acontece do fim do treinamento até os participantes retornarem no dia seguinte, a dinâmica se inverte. Enquanto os participantes mais jovens realmente melhoram da noite para o dia, os adultos perdem um pouco de sua capacidade de desempenho. Isso significa que os mais jovens são melhores em consolidar e reforçar sua memória depois de terem praticado”, diz Beck.

De acordo com os pesquisadores, isso sugere que o sono beneficia mais o aprendizado e a memória das crianças. Mas outros fatores também podem estar em jogo. Por exemplo, crianças mais velhas e adultos geralmente dormem menos e têm mais atividades “competitivas” ao longo do dia. Os processos de consolidação da memória no sistema nervoso continuam por horas após o término do treinamento.

“Quando uma aula de matemática termina, o cérebro continua trabalhando no que foi ensinado e, ao fazer isso, reforça a memória. O sono é conhecido por ajudar na consolidação. Mas se envolver em outras atividades nas horas seguintes — especialmente aquelas que envolvem aprendizado — pode interferir nos processos de memória e na consolidação do que foi aprendido”, explica Lundbye-Jensen.

De acordo com os pesquisadores, os resultados podem ser úteis em campos de ensino e treinamento que envolvem habilidade e movimento, como esportes e música.

“Esperamos que essa nova compreensão das diferenças relacionadas à idade e dos processos pós-treinamento inspire fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e outros profissionais ao elaborar protocolos de treinamento”, diz.

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