Sexta-feira, 03 de janeiro de 2025

“Dá um Google” está com os dias contados? Entenda por que jovens preferem o TikTok na hora de fazer pesquisas

“Qualquer coisa que eu quero saber, eu não abro o Google. Eu busco no TikTok e sempre tem respostas sobre coisas específicas”. Essa é a experiência da estudante de pedagogia Elisa Bestetti, de 25 anos, usando o TikTok como buscador. Mas ela não está sozinha.

Em seu perfil na plataforma, Elisa postou um vídeo com o título “TikTok é o novo Google?” em que aborda esse tema. Nos comentários, muitos concordam e relatam suas experiências. “Eu também sempre pesquiso aqui primeiro”, respondeu uma pessoa. “Aprendi matéria da faculdade pelo tiktok”, disse outra.

“O melhor é quando você tem alguma dúvida vendo um vídeo e a resposta está na barra de pesquisa”, respondeu um usuário. Isso acontece porque a rede social recomenda outros vídeos relacionados na aba “Procurar” dentro do campo de comentários.

Especialistas dizem que essa tendência, de fato, existe, e a forma como o TikTok exibe as respostas explica esse comportamento. Três jovens listaram alguns motivos que os fazem escolher a “ex-rede das dancinhas” para procurar coisas:

1- Mesmo que o tema seja muito específico, as entrevistadas dizem que é mais fácil encontrar uma informação ou curiosidade no TikTok;

2- Elas dizem que sempre tem um especialista/profissional em determinado assunto que produz e compartilha várias dicas. A constância do conteúdo no perfil passa mais segura, segundo elas (ainda assim, é preciso conhecer bem esse criador para não cair em fake news);

3- Autenticidade: os jovens alegam que sempre tem pessoas reais que visitam lugares e testam produtos verdadeiros e, em algumas ocasiões, fazem análises sinceras;

4- Ao contrário do YouTube, alguns usuários dizem preferir o TikTok para pesquisa porque os vídeos são curtos e não têm propaganda no meio;

Para Lu Cunha, que é professora de literatura do Objetivo, “o Google é muito bom como fonte de informação, só que, dependendo do que você busca, ele apresenta muitas páginas sobre aquele assunto e pode ser difícil de você selecionar exatamente aquela que vai te atender”.

“No TikTok, tem sempre alguém dando uma dica e ensinando outras pessoas. Às vezes, é coisa simples, tipo: ‘como tirar mancha de caneta da roupa sem estragar ela’”, diz Elisa Bestetti.

Já a dentista Ana Luiza Rocha, de 23 anos, classifica a busca da plataforma como “surreal”. Ela diz que, ao inserir algumas palavras, sem precisar do contexto geral do assunto, a rede social consegue entregar o que ela quer saber.

Google admite que ‘rede vizinha’ é uma ameaça

A Alphabet (dona do Google) e até mesmo a Meta, dona do Instagram, do Facebook e do WhatsApp, sabem que o TikTok é um concorrente difícil.

“As pessoas têm muitas escolhas sobre como querem gastar seu tempo, e apps como o TikTok estão crescendo muito rapidamente. E é por isso que o nosso foco no Instagram Reels é tão importante no longo prazo”, disse Mark Zuckerberg, presidente-executivo da Meta, em 2022.

O Reels permite a gravação de vídeos curtos com efeitos especiais e trilhas sonoras. O formato de edição é bastante parecido com o do TikTok.

Em uma conferência de tecnologia também no ano passado, o vice-presidente sênior do Google, Prabhakar Raghavan, comentou sobre esse movimento, segundo o jornal The New York Times.

Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, acredita que o TikTok é uma ameaça ao Google. Segundo ele, as redes sociais avançaram em cima desse espaço que até então era apenas dos buscadores.

Enquanto rola essa “migração de buscador” pelos mais jovens, o Google vem aperfeiçoando sua pesquisa com inteligência artificial. Ainda em ambiente de teste, a gigante começou a liberar no Brasil o recurso que faz a busca exibir respostas em texto (não apenas links), criado com IA.

Mas não são só as mídias sociais, lembra o especialista. “Por exemplo, no caso dos Estados Unidos, já têm alguns anos que o site da Amazon supera o Google na busca não só por produtos, mas pela comparação de preços e pela análise das características dos produtos em razão dos reviews (análises) de quem já comprou”, diz Igreja.

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