Sexta-feira, 20 de setembro de 2024

De pai para filho: 7 em cada 10 casos de TDAH são hereditários; veja os sinais em adultos e crianças

Casos em que o pai descobre ter TDAH depois do diagnóstico do filho “são extremamente comuns”. Quem garante é o psiquiatra Luis Augusto Rohde, professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e vice-presidente do Conselho Científico da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA). Segundo a entidade, o Brasil tem hoje cerca de 2 milhões de adultos com o distúrbio.

Quando Rohde começa a detalhar os sintomas de TDAH em crianças, como deixar tarefas pela metade, agir antes de pensar ou não parar quieto por muito tempo, os pais costumam arregalar os olhos, incrédulos: “Nossa, você está descrevendo como eu era quando criança!”, “Peraí, doutor, eu também sou assim!” ou “Da próxima vez, vou marcar uma consulta para mim!”.

O coeficiente de herdabilidade do TDAH, explica o médico, é dos mais altos: 0.75. No campo da saúde mental, só perde para o do Transtorno do Espectro Autista (TEA): 0.8. “Na fase adulta, os sintomas mais proeminentes são desatenção, procrastinação e impulsividade”, destaca. “Há poucos adultos hiperativos. É uma característica mais presente em crianças, principalmente nos meninos.”

Adultos e o tratamento

Na maioria das vezes, os pais, quando descobrem que os filhos têm o transtorno, costumam aderir ao tratamento, que consiste basicamente em remédio e psicoterapia. Mas, há exceções, alerta a psicóloga Márcia Verständig. “Alguns pais entendem que os filhos não precisam se tratar. ‘Se eu consegui superar as dificuldades’, raciocinam, ‘meus filhos também conseguirão’. Mas, sem tratamento, o TDAH pode trazer prejuízos. Quanto antes, melhor”, orienta a psicóloga, acrescentando que o transtorno pode ser dividido em três apresentações: déficit de atenção (quando os portadores são mais desatentos que impulsivos), hiperatividade (quando são mais impulsivos que desatentos) e combinado (tão impulsivos quanto desatentos).

Como desconfiar

Para descobrir se o paciente tem TDAH, o pediatra, psiquiatra ou neurologista aplica um questionário, elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA, em inglês), com 18 sintomas, nove de desatenção e nove de hiperatividade e impulsividade. Se a criança ou adolescente apresenta, no mínimo, 12 deles, seis de desatenção e seis de hiperatividade e impulsividade, e o adulto, dez, sendo cinco de cada, liga o sinal amarelo.

Se esses sintomas estão presentes antes dos 12 anos, causam problemas em dois ambientes diferentes (casa e escola, por exemplo) e trazem prejuízos à vida pessoal, familiar, acadêmica e profissional, acende o alerta vermelho. Ainda não inventaram exame laboratorial ou de imagem que ajude a detectar o distúrbio que, segundo estimativas, atinge 5% da população infanto-juvenil e 2,5% da adulta.

Mas, atenção: não é porque o filho (ou a filha) tem TDAH que o pai (ou a mãe) será obrigado a ter. É o que explica o psiquiatra Elton Yoji Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), em São Paulo. “Nem toda pessoa desatenta, por exemplo, tem diagnóstico de TDAH. Em alguns casos, essa desatenção pode ser resultado de uma situação rotineira ou estressante. Em outros, pode ser sintoma dos mais variados transtornos, como ansiedade ou depressão. É preciso tomar cuidado para não banalizar o diagnóstico. Diagnósticos excessivos podem levar a tratamentos desnecessários”, adverte o médico.

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