Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Deficiência de vitamina D aumenta risco para diabetes

A carência de vitamina D já foi ligada em diversos estudos a riscos maiores para fraqueza óssea e quadros de demência. No entanto, o impacto pode ser bem mais amplo do que se imagina, e se estender ainda a um cenário de vulnerabilidade para diabetes, doenças cardiovasculares, doenças autoimunes e até mesmo algumas formas de câncer. Isso porque todos esses problemas de saúde são ligados a um quadro de inflamação crônica do organismo, e um novo estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade do Sul da Austrália, descobriu que a falta do composto está diretamente relacionada a um estado contínuo de inflamação.

Os cientistas australianos têm conduzido uma série de trabalhos que analisam os impactos de níveis de vitamina D inferiores ao recomendado com uma tecnologia inédita de análise genética. A importância do composto é porque, embora chamada de vitamina, a substância é um hormônio que atua na regulação do cálcio e do fosfato no corpo humano.

O novo estudo, publicado na revista científica International Journal of Epidemiology, avaliou informações genéticas de 294.970 participantes, disponíveis no banco de dados UK Biobank. Os pesquisadores encontraram uma relação direta entre uma quantidade baixa do composto e níveis aumentados da proteína C-reativa, uma substância que tem a liberação elevada pelo fígado durante casos de inflamação e infecção.

“A inflamação é a maneira do seu corpo de proteger os tecidos se você tiver sido machucado ou tiver uma infecção. Níveis altos da proteína C-reativa são gerados pelo fígado em resposta à inflamação, então quando seu corpo vive uma situação de inflamação crônica, ele também apresenta quantidades maiores da proteína”, explica o principal autor do estudo e pesquisador da universidade, Ang Zhou, em comunicado.

Os quadros de inflamação podem ser agudos, como durante o enfrentamento de uma doença pelo sistema imunológico, ou crônica, quando outros fatores levam o corpo a continuar a produzir constantemente leucócitos e outras células de defesa. Porém, quando desnecessária, uma vez que não há perigo a ser combatido, e a longo prazo, essa liberação começa a provocar danos no organismo.

“Esse estudo examinou a vitamina D e a proteína C-reativa e encontrou uma relação direta entre níveis baixos da vitamina e níveis altos da proteína, expressada como uma inflamação. Aumentar a vitamina D em pessoas com deficiência do composto pode reduzir a inflamação crônica, ajudando-as a evitar um grande número de doenças relacionadas”, afirma Zhou.

Os achados do estudo sugerem, portanto, que manter taxas adequadas da vitamina D pode prevenir complicações secundárias da obesidade e reduzir o risco ou a severidade de doenças crônicas que tenham um componente inflamatório, como doenças cardiovasculares, diabetes e doenças autoimunes, dizem os cientistas.

“Nós temos observado repetidamente evidências para benefícios na saúde do aumento da concentração de vitamina D em indivíduos com níveis muito baixos. Para os demais, com a taxa já adequada, aumentar os níveis do composto parece oferecer pouco ou nenhum benefício. Os novos achados destacam a importância de se evitar um quadro de deficiência da vitamina D”, complementa a também autora do estudo, e diretora do Centro Australiano de Saúde de Precisão da universidade, Elina Hyppönen.

Para conseguir níveis ideais do composto, os especialistas sugerem a exposição diária ao sol por 15 a 20 minutos, ao menos três vezes por semana. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a vitamina D também pode ser encontrada em alimentos como óleos de salmão, atum e sardinha, gema de ovo, fígado, leite, iogurte e queijos. Em casos de deficiência, pode ser reposta ainda com cápsulas ou comprimidos indicados pelo médico.

Segundo um estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto de Pesquisas René Rachou, da Fiocruz, cerca de 16% da população brasileira com mais de 50 anos têm níveis insuficientes do nutriente.

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