Domingo, 24 de novembro de 2024

Depressão é diferente de tristeza: saiba como diferenciá-las e o momento certo de buscar ajuda

Parece um mundo cinza. Não é só uma tristeza, mas passa longe da alegria. A pessoa está ali, em uma coisa que ela não sabe muito bem explicar. Parece dormente, anestesiada – o que, apesar de sugerir um alívio para a dor física, não é um bom sinal neste caso. Assim muita gente costuma se sentir durante a depressão, uma doença que precisa de tratamento multidisciplinar.

A seguir, o psiquiatra Daniel Barros explica a importância do diagnóstico correto e, principalmente, como diferenciar um período de tristeza de uma depressão de fato.

“Muitas vezes, na depressão, existe um componente de tristeza. A pessoa fica mais tempo triste muitas vezes quando ela está deprimida. Mas as duas coisas não são sinônimos. A tristeza nem sempre está presente na depressão. E nem sempre uma pessoa que está triste, está deprimida.”

“Quando a gente confunde essas duas coisas, a gente acaba podendo tratar inadequadamente tanto a tristeza normal, quanto a gente pode deixar de identificar a depressão.”

A depressão não tem uma causa específica. Nem idade, podendo ser comum até mesmo entre os mais velhos – o que carece de ainda mais atenção.

“É mais raro em crianças, começa a ser um pouco mais comum na adolescência, aí é comum na fase adulta, e em idosos também não é raro, não. Por causa de uma série de perdas que vão acontecendo na vida, às vezes o adoecimento, doenças crônicas, perdas e lutos.”

O diagnóstico, em geral, costuma levar em conta o prazo de quinze dias de sintomas como: tristeza sem um motivo aparente (como um luto, por exemplo); falta de energia; irritabilidade; impaciência; pessimismo; insegurança (sensação de que nada vai dar certo); alterações no sono (falta ou excesso); alterações no apetite (falta o excesso).

O uso de remédio a médio, curto e longo prazo podem ser indicado por um médico, mas também é importante procurar ajuda com psicólogos.

Quando for possível, é recomendável praticar atividade física, já que os exercícios são importantes aliados durantes o tratamento e, muitas vezes, até como prevenção.

“Na depressão, existe um desbalanço das emoções. As emoções negativas se tornam muito mais frequentes, se tornam muito mais intensas. Então, de fato, a pessoa pode ficar com mais raiva, pode ficar mais irritada, pode ficar mais triste, porque as emoções negativas têm intensidade. Mas, às vezes, a pessoa chega em um ponto que ela fica anestesiada mesmo, meio indiferente, nem consegue sentir nada. É preciso muita atenção.”

É importante ressaltar que os sintomas podem ir muito além dos listados acima e aparecerem em diferentes intensidades para cada pessoa.

“A depressão é um sinal de conjunto de sinais e sintomas. A depressão não é só uma tristeza. […] Não é tristeza porque algo ruim aconteceu, mas uma tristeza diferente, uma tristeza que tem uma sensação diferente de uma tristeza normal do dia a dia por conta de alguma coisa.”

Apesar de ser um diagnóstico mais complexo (porque não há um exame em específico, como uma ressonância, por exemplo, que pode apontar exatamente o que está errado), a depressão tem tratamento. E não há motivo algum para ter vergonha ou medo de procurar ajuda.

“A gente não está pedindo ajuda porque a gente foi fraco, a gente está pedindo ajuda porque a gente adoeceu. E quem adoeceu precisa se tratar”, complementa Barros.

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