Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Desde a década de 1970, a Síria vive uma ditadura marcada pela presença da família Assad

Desde a década de 1970, a Síria vive uma ditadura marcada pela presença da família Assad – primeiro com Hafez Assad e, depois, seu filho, Bashar Al-Assad, atual líder do país. A ameaça de invasão dos rebeldes do grupo Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), porém, colocou fim a anos de domínio ditatorial sob o comando do clã Assad, à medida que os rebeldes tomaram a capital Damasco.

Hafez Assad assumiu o controle da Síria em 1971, após uma eleição realizada em meio a um período de revoltas políticas e militares, chamado de Movimento Corretivo. Seu período à frente do país, que durou até 2000, quando morreu.

Os egípcios basicamente capturaram a costa leste do Canal de Suez e se entrincheiraram, com seus dois principais generais em conflito sobre quanto do exército poderia avançar para o Sinai. Após a reação israelense, um cessar-fogo instável no final de outubro deixou claro que os árabes haviam sido novamente derrotados.

Ainda antes de iniciar o conflito, a Síria havia comprado armas químicas e deu início, sob o comando de Assad, ao desenvolvimento de ferramentas bélicas do tipo, alegadamente com ajuda e influência da Rússia, aliado do país na região, principalmente pelo posicionamento contrário a Israel.

Sectarismo 

O primeiro indício da tentativa iminente de derrubar o governo do Partido Baath, de Assad, ocorreu em junho de 1979, quando a Irmandade Muçulmana massacrou 50 cadetes alauítas no refeitório da academia militar em Aleppo.

Depois, em junho de 1980, extremistas lançaram pelo menos duas granadas contra o líder sírio. Extremistas muçulmanos também se rebelaram em 1982 em Hama. Eles mataram autoridades do Partido Baath e transmitiram apelos das mesquitas para uma insurreição nacional.

A conflagração de 1973 mal havia se extinguido quando a próxima crise eclodiu, no Líbano. Sua guerra civil opôs os cristãos libaneses, cujo poder estava consagrado na Constituição, apesar de sua população cada vez menor, à Organização para a Libertação da Palestina e às comunidades mais carentes economicamente, como os xiitas e os drusos.

O período de 1970 até 2000 foi de consolidação do poder de Assad e de sua pressão para dominar rebeldes e territórios que acreditava ser parte da Síria. Foi durante esses 30 anos de governo que a Síria estreitou as relações com o Irã, que havia passado por uma troca de comando e agora estava se apoiando em aliados durante o conflito com o Iraque.

Em 2000, Hafez Assad sofreu um ataque cardíaco e morreu na sua casa, deixando o poder encaminhado para seu filho – e atual líder da Síria – Bashar Assad.

Troca de comando

O governo do herdeiro Assad foi igualmente tumultuado e violento, com mais conflitos e uma profunda guerra civil que atinge o país há mais de 10 anos.

Após assumir o poder no lugar de seu pai, Assad deu início a uma continuação da concentração de poderes que determinou o regime anterior – ainda que o começo de seu governo tenha sido de tentativas de viagens diplomáticas.

Sua reeleição, em 2007, foi sucedida de uma onda de eventos no Oriente Médio que pedia a abertura democrática de regiões consideradas ditatoriais – a Primavera Árabe – entre 2010 e 2013.

Guerra civil

Em março de 2011, milhares de sírios inspirados pelas revoltas da Primavera Árabe saíram às ruas para protestar contra o governo autoritário de Assad e pedir reformas democráticas. Assad sucedeu seu pai, Hafez al-Assad, após sua morte em 2000, estendendo o governo da família por décadas. Os Assads são membros da comunidade alauíta minoritária da Síria, uma seita religiosa que se separou do Islã xiita. A maioria dos sírios é muçulmana sunita.

As manifestações em massa nas cidades de maioria sunita foram, em sua maioria, pacíficas. Mas o governo respondeu com uma brutal repressão militar e policial, bombardeando bairros civis e realizando prisões em larga escala. Alguns sírios começaram a se armar para revidar, e vários grupos militantes islâmicos, alguns dos quais lutaram contra as tropas dos EUA no Iraque, ressurgiram na Síria. Em junho de 2012, as Nações Unidas declararam que os combates na Síria eram uma guerra civil completa.

Seu governo é acusado de tortura generalizada, uso de armas químicas contra seu próprio povo e transferências forçadas de população em um conflito que deixou cerca de meio milhão de pessoas mortas.

Agora, com o avanço dos rebeldes em direção à capital Damasco, o regime de 53 anos pode chegar ao fim com mais um conflito arrasador para os sírios e para o território.

No começo de dezembro, o enfraquecimento do governo Assad começou a ficar mais evidente quando o Irã começou a retirar seus comandantes militares e seu pessoal da Síria, em um sinal da incapacidade do Irã de ajudar a manter o presidente Bashar no poder diante de uma ofensiva rebelde ressurgente. (Estadão Conteúdo)

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