Domingo, 10 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 20 de setembro de 2024
Sinal de alerta para diferentes problemas de saúde, o ronco, condição que atinge cerca de 40% da população adulta, segundo pesquisa da Associação Brasileira do Sono (ABS), pode comprometer também a vida social e os relacionamentos. Estudos preliminares apontam que o conceito conhecido como “divorcio do sono”, o dormir em quartos separados, é o primeiro passo para o divórcio entre casais.
“O ronco alto e frequente pode perturbar o sono do parceiro, levando a irritabilidade, fadiga e, em casos mais graves, a separações físicas, como dormir em quartos separados, um conceito conhecido como ‘divórcio do sono’. Isso pode gerar um ambiente propício para conflitos e tensão no relacionamento, além de reduzir a intimidade e a qualidade de vida de ambos”, explicou a fisioterapeuta Maria Consuelo D’Almeida Nuñez Filha (Crefito 30788-F), Doutora em Medicina e Saúde Humana.
O ronco é um som vibratório que ocorre durante o sono, geralmente quando há uma obstrução parcial das vias aéreas superiores. Pode acontecer devido ao relaxamento dos músculos da garganta, fazendo com que as vias aéreas se fechem, limitando a passagem de ar.
Apesar da maior incidência no Brasil ser nos homens, cerca de 60%, quando é a mulher que ronca, além dos riscos à saúde, ainda está sujeita a estigmas e preconceito.
“Infelizmente há mais preconceito quando é a mulher que ronca. O ronco ainda é visto como um comportamento tipicamente masculino. Esse estigma pode fazer com que muitas mulheres sintam vergonha de procurar ajuda ou até mesmo de admitir que têm esse problema, não buscando um diagnóstico correto, levando a falta de tratamento adequado e influenciando, por vezes, na sua autoestima”.
Para a fisioterapeuta é importante que os casais se ajudem, incentivando o parceiro(a) na busca pelo tratamento para o ronco, tanto pela saúde do próprio parceiro quanto pelo bem-estar do relacionamento. As tensões emocionais provocadas pelo ronco podem incluir perda de confiança, ansiedade e depressão, além de um impacto duradouro na capacidade de formar novos relacionamentos saudáveis.
“O tratamento pode melhorar a qualidade do sono de ambos, reduzindo a tensão no relacionamento e prevenindo complicações de saúde associadas ao ronco como a apneia obstrutiva do sono. O apoio do parceiro(a) é crucial para que o indivíduo se sinta estimulado a procurar ajuda e seguir todo o tratamento necessário”, acrescentou.
Apneia obstrutiva
Existem muitas causas para o ronco, dentre elas algumas condições de saúde, como a apneia obstrutiva do sono (AOS), um dos mais de 70 distúrbios do sono, entendidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma epidemia global que prejudica a saúde e qualidade de vida de cerca de 40 a 45% da população mundial. Apenas a AOS, atinge quase um bilhão de pessoas no mundo. O Brasil está entre os países com maior número estimado de indivíduos com AOS, perdendo apenas para China, Índia e Estados Unidos.
“Não tratar o ronco, especialmente quando é um sintoma de apneia obstrutiva do sono, pode levar a doenças cardiovasculares como hipertensão, doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca; AVC; Diabetes tipo II; Distúrbios cognitivos e neurológicos, problemas psicológicos como depressão e ansiedade entre outros”, frisou.
Maria Consuelo explica ainda que o tratamento da apneia obstrutiva do sono moderada a grave, se dá através do uso de CPAP (gerador de pressão nas vias aéreas), protocolo que é seguro e indolor. Porém ainda existe grande resistência na busca por um tratamento.
“Há uma percepção errada de que roncar é algo normal, especialmente porque é comum em várias famílias, mas não é normal. Essa forma de pensar pode atrasar a busca por diagnóstico e tratamento correto, fazendo com que muitas pessoas e/ou famílias negligenciem um problema que pode estar associado a condições de saúde mais sérias, como a apneia obstrutiva do sono”.