Segunda-feira, 06 de janeiro de 2025

Dólar encerra em alta, aos R$ 6,18; Bolsa brasileira cai ao menor nível em mais de um ano

O dólar fechou a semana com alta de 0,31%, alcançando a cotação de R$ 6,182, em um contexto de apreensão em relação ao cenário internacional e à situação das contas públicas brasileiras. O movimento foi parecido com moedas emergentes, que se desvalorizaram frente a divisa americana: o rand sul-africano cedeu 0,1% e o peso mexicano caiu 0,36%.

A Bolsa de Valores, por sua vez, apresentou uma queda de 1,34%, influenciada negativamente pela desvalorização das ações da Vale e da Petrobras. Este é o menor nível para a Bolsa em quase um ano e dois meses. A última vez que o principal índice da Bolsa havia flertado com esse nível foi em 6 de novembro de 2023. Em apenas dois dias de pregão, o Ibovespa já acumula prejuízo de 1,4% em 2025.

Para Max Bohm, estrategista da Nomos, a baixa liquidez das negociações promovem uma maior volatilidade no índice, mas que isso, por si só, não explica a desvalorização.

“Janeiro já é, geralmente, um mês de liquidez mais baixa. E isso traz mais volatilidade para alguns papéis. Mas não é culpa total (da liquidez menor), mas sim um plus do momento ruim da Bolsa”, afirma.

Segundo ele, a Bolsa segue refletindo o assuntou que ditou os rumos dos investimentos em 2024: a condução da política fiscal.

No Brasil, as preocupações com a sustentabilidade das contas públicas têm sido um fator importante para a valorização do dólar, que acumulou uma alta de 27% em relação ao real ao longo de 2024. O fluxo cambial negativo atingiu US$ 15,918 bilhões, marcando a terceira maior saída líquida anual desde 2008. O governo tem utilizado receitas extraordinárias para cobrir gastos crescentes, o que levanta questões sobre a viabilidade fiscal a longo prazo.

Embora o Congresso tenha aprovado algumas medidas para conter os gastos, o pacote de ajustes foi considerado fraco, e o mercado financeiro continua pressionando por reformas fiscais mais robustas.

Fatores externos

A economia da China enfrenta sérios desafios, incluindo crises no setor imobiliário e um elevado nível de endividamento do governo. Essas questões têm gerado inquietação entre os investidores. Em resposta, o governo chinês anunciou um pacote de estímulos fiscais, que inclui um aumento no financiamento de títulos do tesouro, com o objetivo de fomentar o investimento e o consumo interno.

Os Estados Unidos também estão sob os holofotes dos investidores, especialmente em relação às possíveis alterações na política monetária com a nova administração de Trump. As promessas de aumento de tarifas e deportações podem ter um efeito inflacionário, levando o Federal Reserve a considerar a manutenção ou até mesmo o aumento das taxas de juros, o que, por sua vez, fortalece a moeda americana.

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