Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 14 de fevereiro de 2025
O dólar fechou em queda nesta sexta-feira (14), ficando abaixo de R$ 5,70 pela primeira vez desde novembro. No dia 7, a moeda americana terminou o dia cotada a R$ 5,6752
O mercado financeiro vinha de certo alívio com o memorando de tarifas recíprocas para todas as importações que chegam aos Estados Unidos, determinado pelo presidente Donald Trump.
Na prática, a medida visa igualar as tarifas cobradas pelos EUA para receber produtos de outros países às tarifas que esses países cobram para importar produtos dos americanos.
Essas tarifas só devem começar a valer em 1° de abril, o que reduziu a pressão sobre o dólar neste pregão. No entanto, investidores e economistas estão preocupados que o tarifaço possa pressionar a inflação norte-americana.
No Brasil, a queda do dólar se acentuou após a pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal “Folha de S.Paulo” que aponta que 24% dos eleitores brasileiros aprovam o governo do presidente Lula (PT) e que 41% reprovam.
É o pior nível de aprovação em todos os três mandatos do presidente Lula, e a reprovação também é recorde. O mercado financeiro interpreta que os resultados reduzem as chances do presidente em uma tentativa de reeleição.
Além disso, foram divulgados novos dados do mercado de trabalho. A taxa anual de desemprego foi a menor da história em 14 estados brasileiros em 2024, segundo a PNAD Contínua Trimestral, publicada pelo IBGE.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3 opera em alta.
Dólar
O dólar fechou em queda de 1,26%, cotado a R$ 5,6956. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,68% na semana;
recuo de 2,43% no mês; e
perdas de 7,83% no ano.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 0,10%, cotada a R$ 5,7684.
Ibovespa
O Ibovespa opera em alta de 2,62%, aos 128.122 pontos.
Na véspera, o índice teve alta de 0,38%, aos 124.850 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,19% na semana;
perdas de 1,02% no mês;
ganho de 3,80% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O ‘tarifaço’ de Trump continua a repercutir entre investidores do mundo todo. Na quinta-feira, o presidente americano anunciou a criação de tarifas recíprocas para os países que cobram taxas de importação sobre seus produtos.
O memorando, assinado durante a tarde, não especificou tarifas para países específicos, mas estabeleceu uma orientação geral de reciprocidade para os países que impõem dificuldades ao comércio dos EUA.
Entre os exemplos para a nova política de tarifas, o governo norte-americano citou o etanol brasileiro:
“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil.”
As taxações anunciadas por Trump voltam a acender um alerta entre investidores e economistas pelo mundo. Isso porque os preços dos produtos que chegam aos EUA, ou que dependem de insumos importados para serem produzidos, tendem a ficar mais caros com o aumento das tarifas de importação.
Isso não apenas pressionaria a inflação norte-americana e poderia impossibilitar novos cortes de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), como também pode acabar impactando os preços pelo mundo, trazendo o risco de uma elevação global da inflação.
Além disso, juros elevados nos EUA também aumentam o rendimento dos títulos públicos norte-americanos, considerados os mais seguros do mundo. Isso tende a provocar uma migração de capital estrangeiro para o país e a fortalecer o dólar em relação a outras moedas.
Dólar mais caro também impacta a inflação em todo o mundo, já que essa é a principal moeda para as negociações comerciais. Isso também pode pressionar os preços principalmente das commodities, como combustíveis e alimentos.
Para o Brasil, os impactos ainda são mais setoriais, segundo Stefânia Ladeira, especialista em comércio exterior e Partner na Saygo Comex. Ela explica que, embora o Brasil possa se beneficiar de retaliações comerciais contra os EUA, é preciso cautela.
“O aumento das tarifas pode diminuir significativamente o volume de exportações brasileiras para o mercado americano, afetando setores que dependem desse destino. O desafio será equilibrar as perdas potenciais com a busca por novos mercados e parcerias comerciais”.
No Brasil, o principal destaque foi o resultado da pesquisa Datafolha, que mostra o pior nível de aprovação em todos os três mandatos do presidente Lula. O mercado interpreta que as chances do petista em uma tentativa de reeleição diminuíram.
Veja os números:
Ótimo/bom: 24% (eram 35% em dezembro);
Regular: 32% (eram 29% em dezembro);
Ruim/péssimo: 41% (eram 34% em dezembro);
Não sabem: 2% (era 1% em dezembro).
De acordo com o levantamento, no mesmo período do mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha uma reprovação semelhante: 40% consideravam seu governo ruim ou péssimo e 31% achavam ótimo ou bom. As informações são do portal G1.