Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 22 de janeiro de 2025
Empossado nesta semana, o presidente norte-americano Donald Trump anunciou que nomeará os atores Mel Gibson, Jon Voight e Sylvester Stallone como “embaixadores especiais” para ajudar a tornar o cinema de Hollywood “maior, melhor e mais forte, como na era de ouro”. O republicano argumentou que o segmento “perdeu espaço para outros países” nos últimos quatro anos – uma referência ao governo de Joe Biden.
“Eles serão meus olhos e ouvidos para a cidade do cinema”, já havia postado Trump em suas redes sociais antes de iniciar o seu segundo mandato à frente da Casa Branca (o primeiro foi de 2017 a 2020). “Assim como nosso país, será a Idade de Ouro de Hollywood!”.
Os embaixadores e enviados especiais são normalmente escolhidos para responder a situações problemáticas como os problemas no Oriente Médio, e não a chamada “Sétima Arte”.
A produção cinematográfica e televisiva norte-americana tem sido prejudicada nos últimos anos, com os contratempos provocados pela pandemia de coronavírus, greve dos sindicatos do segmento (2023) e, neste mês, com os incêndios florestais de Los Angeles, cidade do Estado da Califórnia e que tem Hollywood como um de seus distritos.
Além disso, a produção global do setor no país registou uma quebra de 26% em relação a 2021, de acordo com dados de entidades ligadas ao setor. Na área da Grande Los Angeles, as produções diminuíram 5,6% em 2024 na comparação com o ano anterior.
Trumpistas “de cateirinha”
Os três futuros “embaixadores” são trumpistas “de carteirinha”. A identificação não é de agora: vem desde o início do primeiro mandato, em 2017, ou mesmo antes, naquela campanha presidencial.
Sylvester Stallone, 78 anos, é um convidado frequente do clube de Trump em Mar-a-Lago. “Quando George Washington defendeu o seu país, não fazia ideia de que ia mudar o mundo. Porque sem ele, podemos imaginar como seria o mundo. Pois agora temos um segundo George Washington!”, comemorou o astro de “Rocky” e “Rambo” ao saber da vitória de Trump, no ano passado.
Mel Gibson, 69, declarou ter recebido a notícia de sua indicação para “embaixador especial” com surpresa, mas disposto a aceitar o desafio: “Meu dever como cidadão é dar toda a ajuda e informação que puder”. O ator e diretor, que perdeu a sua casa nos incêndios da Califórnia, brincou: “Há alguma hipótese de o cargo vir acompanhado de uma residência de embaixador?”
O discurso mais afinado com o de Donald Trump, porém, foi de John Voight (também conhecido por ser o pai de Angelina Jolie), 86. Ele é apoiador de longa data do polêmico republicano e já lhe chamou “o melhor presidente desde Abraham Lincoln”.
“Tenho idade suficiente para ter vivido alguns anos da Idade de Ouro de Hollywood e tenho visto a sua lenta deterioração”, avaliou. “Estamos em péssimo estado. Poucos filmes são feitos aqui atualmente, mas temos a sorte de ter um presidente que pretende restaurar Hollywood à sua antiga glória.”
A decisão também reflete a vontade de Trump de ignorar as declarações mais controversas dos seus apoiadores. A reputação de Gibson tem sido alterada em Hollywood desde 2006, quando fez um discurso antissemita ao ser preso por dirigir embriagado. Mas também continuou a trabalhar em filmes voltados ao grande público e dirigiu o próximo thriller de Mark Wahlberg, “Flight Risk”.