Quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Donald Trump nomeia Doug Burgum, ligado à indústria do petróleo, para pasta que administra recursos naturais

“Perfure, baby, perfure”. Donald Trump e seus apoiadores entoaram esse mantra por meses durante a campanha. O presidente eleito prometeu aumentar a perfuração de petróleo e gás natural no primeiro dia de governo. Ele acredita que isso vai reduzir o preço da energia para os americanos.

Para ficar à frente da missão, ele indicou o governador da Dakota do Norte, estado rico em combustíveis fósseis. Se aprovado pelo Senado, de maioria republicana, como secretário do Interior, Doug Burgum vai supervisionar a administração de três quartos das terras e águas públicas dos Estados Unidos.

O Departamento do Interior é responsável por arrendar os terrenos federais para produção de energia fóssil – vinda de petróleo, gás natural e carvão – e energia limpa, como solar e eólica. Também é encarregado de supervisionar os parques nacionais, proteger espécies ameaçadas e coletar dados científicos sobre os efeitos das mudanças climáticas.

Burgum defende a exploração de combustíveis fósseis para que os Estados Unidos não dependam da produção de outros países. Quando foi pré-candidato à Casa Branca, declarou que no primeiro dia de trabalho começaria a vender energia para aliados americanos. E que pararia de comprar dos adversários.

Depois de abandonar a campanha, Burgum se tornou um apoiador fiel de Donald Trump. Atuou como articulador entre a campanha e a indústria do petróleo, com a qual tem relações antigas.

O presidente Joe Biden limitou a perfuração para extração de petróleo e gás em terras federais. A exploração destes terrenos correspondem a 22% das emissões de gases do efeito estufa nos EUA.

Vai ser incrível

“Vamos fazer coisas com a energia e com a terra, vai ser incrível”, declarou Trump no momento do anúncio, acrescentando que Burgum seria “fantástico” como secretário. A experiência política de Burgum desenha-se com dois mandatos consecutivos como governador e uma candidatura presidencial no ano passado, que abandonou rapidamente para apoiar Trump.

Ao longo da campanha, foi-se aproximando de Trump e tornou-se o ponto de ligação a uma série de financiadores milionários, com ligações à indústria do petróleo, incentivando-os a contribuírem para a campanha republicana. Ao todo, os seus contactos valeram mil milhões de dólares a Donald Trump. Foi ainda dos principais autores dos pontos do programa eleitoral relativos às políticas de energia.

“Qual seria a prioridade número 1 que o Presidente Trump poderia fazer no Dia 1? Será parar todos os ataques hostis contra toda a energia americana, seja eletricidade, seja petróleo, seja gás, há um ataque contra os combustíveis líquidos”, afirmou em maio, durante uma campanha de angariação de fundos, citado pelo Washington Post.

Apesar de ter feito fortuna no campo da tecnologia — o ponto de viragem foi a venda da empresa que fundou à Microsoft em 2001 — e se ter dedicado à política nos anos mais recentes, “não é nenhum desconhecido da gestão de terras vastas”, nota a Forbes. Isto porque “financiou a sua primeira empresa hipotecando terras agrícolas que herdou e atualmente possui terras e casas em pelo menos quatro estados”, recorda a revista.

Doug Burgum chegou a criticar o seu adversário a governador da Dakota do Norte, em 2016, por aceitar doações de empresas ligadas à exploração de gás e petróleo. Mas quando chegou ao cargo, passou ele mesmo a aceitar essas fontes de financiamento, lembra o New York Times, destacando que a economia desse Estado, na fronteira com o Canadá, depende em grande parte da exploração de combustíveis. As informações são dos portais  G1 e Observador.

 

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