Segunda-feira, 03 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 2 de fevereiro de 2025
A queda de popularidade do presidente é principal preocupação do Palácio do Planalto para a eleição de 2026 e Sidônio busca reverter essa questão. Embora tenha recebido carta branca, o publicitário vem demonstrando incômodo com o que considera lentidão da máquina pública, segundo interlocutores, além de encarar uma tímida mobilização de aliados nas redes em pautas pró-governo e a alta na reprovação a Lula.
Sidônio construiu carreira na iniciativa privada, principalmente em campanhas para petistas na Bahia, e estreia na administração pública. A demora na entrega de peças publicitárias encomendadas às agências após a crise do Pix foi o primeiro choque de realidade na rotina em Brasília — e outros vieram em sequência.
Pedida há mais de dez dias, enquanto o governo sofria desgaste por causa de uma norma que aumentava a fiscalização sobre movimentações financeiras, a campanha do Pix ainda não foi divulgada. Diante da demora, agora sequer há a certeza se ela será levada a público. A interlocutores, o ministro e integrantes da equipe vêm se queixando por não acharem “razoável” que uma demanda urgente leve mais de uma semana para ser concluída. Há também materiais que não são aprovados por Sidônio e sua equipe, o que gera um “vai e volta” de conteúdo entre Secom e as empresas.
Demora nas redes
Além disso, o ministro não tem contado com amplo apoio de aliados para alavancar a popularidade de Lula, que entrou ainda mais no centro da preocupação governista após uma pesquisa Quaest indicar na segunda-feira a reprovação (49%) numericamente acima da aprovação (47%) pela primeira vez no terceiro mandato. Procurada, a Secom não se manifestou.
Em um encontro virtual do PT na semana passada, Sidônio pediu mais mobilização de petistas — de parlamentares e da militância — e estimulou que cada um use as redes sociais como veículo próprio de comunicação na defesa das pautas do governo. Na primeira oportunidade que petistas tiveram para surfar em um tema com potencial pró-governo, no sábado, com a notícia da chegada de deportados brasileiros algemados vindos dos Estados Unidos, houve mobilização mais tímida do que que se esperava.
Do comando do PT, partiu um pedido no sábado para que “dirigentes, parlamentares e assessorias” compartilhassem vídeos mostrando os deportados acorrentados em Manaus enquanto bolsonaristas estavam na posse de Donald Trump: “Este é um vídeo que precisamos que todos publiquem e compartilhem em suas redes sociais e grupos de WhatsApp”, diz a mensagem. A ordem, no entanto, teve baixa adesão entre aliados.
— É um processo e estamos no começo. É algo educativo, e o pessoal precisa ser alfabetizado nesse tema — admite o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto.
Dias antes, durante a reunião virtual, o ministro pediu que a bancada fale sempre sobre assuntos que exaltem o governo e faça enfrentamento com a oposição. Também estimulou a comparação com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e citou a oposição como exemplo de ação coordenada nas redes.
O Planalto considera, no entanto, a bancada e a militância pouco mobilizadas para esse enfrentamento de forma organizada. A fala de Sidônio foi vista por integrantes da executiva como uma bronca necessária para “acordarem”.
Para integrantes do comando do PT, a falta de agilidade ocorre por excesso de formulação antes de se posicionar, o que, de acordo com a avaliação, não se encaixa mais nos moldes de comunicação dos dias atuais. O partido prepara um curso para ensinar a produzir vídeos, com noções de enquadramento, tempo e dicas de fala.
— Quando tiver uma ordem unida, é para todo mundo postar — afirma o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), novo líder do PT na Câmara.
Já na relação com os ministros, pegou mal o pedido de Sidônio para acabar com a “república do off”, ao se referir às informações repassadas por integrantes do governo à imprensa sem a identificação de quem é a fonte. Entre colegas do primeiro escalão, a orientação foi considerada nula e ingênua pelo próprio modo como as informações circulam em Brasília. Apesar dessa crítica, os auxiliares de Lula têm demonstrado otimismo e abertura para tratar suas pautas com Sidônio.
Conversas e mudanças
Com aval presidencial para propor mudanças na comunicação dos ministérios, Sidônio tem estreitado a relação especialmente com as pastas da Saúde e Educação. Nísia Trindade e Camilo Santana têm interlocução direta com o novo ministro. A equipe de Nísia recebeu o recado de que as entregas para ações de comunicação precisam ser ágeis. Já Camilo entregou ao ministro um compilado com obras, projetos e sugestões de “oportunidades de comunicação” em cada ação do MEC.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, também já esteve com o ministro. Na quarta-feira, os dois conversaram no Planalto diante do novo aumento dos combustíveis. Auxiliares de Lula temem um novo reflexo negativo na popularidade do presidente. As informações são do portal O Globo.