Sábado, 21 de dezembro de 2024

Eleições: fim da polarização? Partidos de Lula e Bolsonaro só devem disputar segundo turno em uma capital

O PT do presidente Luiz Inácio Lula e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro se enfrentam no mesmo pleito em apenas oito das 26 capitais brasileiras onde são realizadas as eleições municipais. De acordo com os mais recentes levantamentos da Quaest, os bolsonaristas possuem leve vantagem no posicionamento dos candidatos. Não há, contudo, qualquer domínio das duas siglas no cenário político. Ao contrário, em apenas uma capital há chances elevadas de haver um segundo turno entre nomes de ambos os partidos.

Entre as oito capitais onde há enfrentamento direto, os candidatos do PL estão na frente do PT em três cidades: Belo Horizonte, Aracaju e Manaus. Já os petistas estão à frente em duas: Goiânia e Vitória. Na capital do Espírito Santo, porém, há chance de o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) ser reeleito no primeiro turno. Nas outras três cidades — Fortaleza, João Pessoa e Cuiabá — há empate entre petistas e candidatos do partido de Bolsonaro, mas com vantagem numérica para o PL em Fortaleza e Cuiabá.

Em situação oposta à lógica nacional, há chance de apenas Fortaleza ser sede de uma disputa entre os partidos de Lula e Bolsonaro. A polarização não tem reverberado em muitas cidades nesta eleição. Há também casos nos quais os candidatos do PT e do PL têm preferido mirar em outros adversários locais na disputa.

Em Aracaju, por exemplo, Emília Correia (PL) tem trocado farpas com Yandra Moura (União Brasil) nos debates, em vez de mirar na petista Candisse Carvalho. Yandra tem pontuado mais nas pesquisas e tem mais chance de chegar a um segundo turno contra o PL do que a petista.

Por sua vez, Evandro Leitão (PT) tem poupado críticas a André Fernandes (PL) em Fortaleza, enquanto mira no prefeito José Sarto (PDT), seu ex-aliado e principal concorrente nos votos da esquerda na cidade. Isso também acontece em João Pessoa, onde tanto Luciano Cartaxo (PT) quanto Marcelo Queiroga (PL) têm priorizado as críticas no prefeito Cícero Lucena (PP).

“A dinâmica das eleições municipais é diferente. Os fatos e interesses locais se sobrepõem, na maioria das vezes, à conjuntura nacional. Mas sempre há a organização de campos políticos que se posicionarão articulados nas eleições nacionais”, disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Por sua vez, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), secretário de Comunicação do partido, minimizou os resultados ruins da sigla nas pesquisas eleitorais. De acordo com ele, o mais importante para o partido é garantir uma aliança partidária para a candidatura à reeleição de Lula em 2026. O deputado disse que o “PT já é um partido nacional, já tem candidato a presidente da República em 2026” e que “essa eleição não estremeceu as bases do governo Lula”.

“Não está ruim a estratégia do Lula de não se expor muito no primeiro turno. No segundo tem cidades que vai ser contra a extrema-direita, contra o bolsonarismo e o Lula vai estar. Tem cidades que, se for com o centro, e se fizer parte do palanque do governo Lula, o presidente vai apoiar.”

O senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral do partido e que está licenciado do mandato para organizar as estratégias da sigla nestas eleições, avalia que a nacionalização acabou não prevalecendo porque o seu partido optou por ter acordo com legendas aliadas em muitas cidades. O parlamentar também declarou que o fato de a esquerda não ter alternativa a Lula como uma liderança nacional é sinal de fragilidade.

“Nós (PL) lançamos candidatos em 14 capitais, não foram nas 26, visando a necessidade de fazermos a negociação e buscarmos afinidade no nosso campo em várias capitais, buscando apoiar várias forças que têm identidade conosco. O PT está cada vez mais frágil na eleição municipal. O PT é hoje um partido de pequenas cidades.”

Em Cuiabá, Abilio Brunini (PL) e Lúdio Cabral (PT) disputam uma vaga para chegar ao segundo turno contra Eduardo Botelho (União Brasil), que lidera as pesquisas.

O mesmo acontece em João Pessoa, onde Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e outro candidato — Ruy Carneiro (Podemos) — tentam minar o favoritismo do atual prefeito, Cícero Lucena (PP).

“Os graves fatos que ocorrem na cidade de João Pessoa, onde o crime organizado se associou a gestão municipal, conforme apurado nas operações Território Livre e Mandaré, acabou por atenuar a polarização nacional. Assim, a discussão local prevaleceu sobre a temática nacional”, disse Queiroga ao justificar o teor de sua campanha. Lucena tem negado qualquer vinculação com o crime organizado.

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