Quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Em nova demonstração de força nuclear, Rússia realiza exercício com mísseis intercontinentais

O Ministério da Defesa da Rússia informou ter realizado novos exercícios com mísseis balísticos e de cruzeiro intercontinentais. A operação fez parte da chamada “dissuasão nuclear” – estratégia político-militar equivalente a uma demonstração de força com esse tipo de artefato para que adversários “saibam com quem estão lidando”.

Em comunicado oficial nessa terça-feira (29), o órgão de Moscou acrescentou que a operação foi terrestre, naval e aérea, supervisionada pelo presidente Vladimir Putin, e com “pleno cumprimento dos objetivos”. Recentemente, ele voltou a mencionar a possibilidade de utilizar recursos atômicos no conflito contra a Ucrânia.

Um vídeo divulgado pelo Kremlin mostra o ministro da Defesa, Andrei Belousov, explicando que uma das manobras consistiu em simular “bombardeio nuclear maciço, em resposta a um ataque nuclear inimigo”.

Também nessa terça, Putin afirmou que o uso de armas nucleares continua sendo “uma medida excepcional”. Ele fez uma ressalva, no entanto: “Tendo em vista as crescentes tensões geopolíticas e do surgimento de novas ameaças e novos riscos externos, é importante ter forças estratégicas modernas sempre prontas para serem usadas”.

O presidente russo já havia ordenado, em maio, a realização desse tipo de exercício, “em um futuro próximo”. Para  isso, contou com tropas estacionadas perto da Ucrânia, onde o país vizinho lançou uma ofensiva em fevereiro de 2022.

Já no final de setembro, Moscou propôs revisar sua doutrina nuclear para acomodar a hipótese de “agressão contra a Rússia por um país não nuclear, mas com apoio ou participação de um país com esse tipo de arsenal, por meio de ataque conjunto”. A fala foi uma referência direta à Ucrânia e seus aliados ocidentais, que fornecem armas e financiamento ao governo de Kiev para combater as forças russas.

Coreia do Norte

O noticiário sobre as tensões envolvendo a Rússia foi incrementado, neste mês, pela informação dos Estados Unidos de que há militares da Coreia do Norte dentro da Rússia. Essa colaboração já vinha sendo alvo de alertas por parte da Coreia do Sul e Ucrânia.

Paira, ainda, a dúvida sobre quais as reais intenções embutidas em tal parceria. O questionamento passa por ao menos duas perguntas: o que os soldados de Pyongyang estão fazendo ao lado das tropas russas e qual o ganho para o regime de Kim Jong-un ao mandar seus cidadãos para uma guerra que muitos comparam a um “moedor de carne”.

O número de soldados que estão na Rússia hoje é incerto. Conforme o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, são entre 10 mil e 12 mil militares de duas unidades de elite, sendo que oficiais e engenheiros já estão em territórios ocupados ucranianos atuando em missões técnicas — no começo do mês, seis deles teriam sido mortos em um bombardeio nos arredores de Donetsk, no Leste do país.

O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) informou, recentemente, que há 3 mil soldados norte-coreanos na Rússia, contingente que deve chegar a 10 mil até dezembro. O primeiro deslocamento ocorreu entre os dias 8 e 13 de outubro, por via aérea e por navios até o porto de Vladivostok, na costa do Pacífico.

Segundo o deputado sul-coreano Park Seon-won, do Partido Democrático (Minjoo), que acompanhou a apresentação, não há sinais de que as tropas já estejam em funções de combate: “Eles parecem estar dispersos de uma série de instalações de treinamento na Rússia e se adaptando ao ambiente local. O treinamento especial também está sendo fornecido em como usar equipamento militar e operar veículos aéreos não tripulados”.

Apesar de ter um dos maiores contingentes do planeta, com cerca de 1,2 milhão de homens (em uma população de 26 milhões de pessoas), as Forças Armadas da Coreia do Norte tiveram pouca experiência de combate depois do fim da Guerra da Coreia, em 1953. Soldados, agentes de inteligência e pilotos foram enviados para conflitos no Oriente Médio, África e na Ásia, mas em pequenos números, e nem sempre em ambiente de combate.

Mas o estreitamento dos laços com a Rússia, que depende dos amplos arsenais norte-coreanos para continuar sua guerra na Ucrânia, foi visto como uma oportunidade para os militares em Pyongyang testarem suas armas — munições de artilharia e foguetes de curto alcance já foram empregados contra os ucranianos — e, agora, seus soldados.

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