Sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Entenda por que o ex-primeiro ministro Boris Johnson e outros deputados do Reino Unido renunciaram

Um dia após o ex-primeiro-ministro britânico Boris Johson renunciar ao mandato de deputado, no sábado (10) outros dois colegas do Partido Conservador também avisaram que estão se retirando. No caso de Johnson, o anúncio foi feito quase um ano após deixar o cargo de premiê, após diversos ministros de seu gabinete se voltarem contra ele.

A nova decisão tem na sua origem o mesmo motivo: fatos como a descoberta de que atitude do então líder do Parlamento em participar de comemorações clandestinas na sede do governo, na capital inglesa Londres, em 2020 – época de plena vigência das medidas restritivas de prevenção ao contágio pelo coronavírus.

Por meio de uma declaração oficial emitida na última sexta-feira (9), Johnson disse estar renunciando “por enquanto”, devido a uma investigação realizada por comissão especial legislativa sobre o escândalo das confraternizações.

Um relatório produzido por comitê multipartidário encarregado de apurar privilégios do Parlamento foi entregue a ele 24 horas antes do anúncio de sua renúncia. Conforme prevê o colegiado, Johnson teve duas semanas para responder à uma “carta de advertência” enviada a ele com as conclusões do relatório e provas.

A investigação analisa fotos e evidências de reuniões e comemorações na sede do governo que vieram à tona enquanto o resto do país estava confinado em razão das restrições impostas pelo próprio governo de Johnson durante a pandemia.

Ele afirma ser alvo de uma suposta “caça às bruxas” por parte do comitê. “Eles estão determinados a me expulsar, então tomei a decisão de sair antes de ser forçado a me afastar imediatamente”, declarou. “Não é do interesse de ninguém que o processo continue por mais um dia.” O fato levou à urgência de uma eleição suplementar para escolher novos representantes.

Detalhes

Os pormenores do relatório permanecem em sigilo, mas as declarações de Johnson e informações reveladas por fontes à rede estatal de comunicação britânica BBC indicam que o comitê provavelmente recomendaria uma suspensão de Boris Johnson das sessões do Legislativo por um período de até dez dias.

Isso desencadearia uma petição de revogação de seu lugar no Parlamento, levando a uma possível eleição suplementar. A recomendação final também teria que passar por uma votação do Parlamento antes de ser promulgada.

“Mas o que foi entregue a Johnson é apenas um rascunho, já que o processo do Comitê de Privilégios está longe de terminar”, diz uma fonte ligada ao processo.

Há também quem mencione “forças externas” a influenciar a decisão de Johnson. Como ele mesmo declarou, o Partido Conservador está atrás do Partido Trabalhista (seu principal rival) nas últimas pesquisas de opinião, por uma média de 16 pontos.

Se ele tivesse decidido permanecer no cargo e enfrentar a eleição suplementar, não há garantias de que ele conseguiria voltar ao Parlamento.

Colegas

Pouco após o anúncio de Johnson, a deputada Nadine Dorries, também do Partido Conservador, comunicou sua saída do cargo. Ex-secretária de Cultura e aliada próxima de Johnson, ela informou estar renunciando “depois que algo significativo aconteceu e me fez mudar de ideia sobre permanecer no cargo”.

Nadine não forneceu detalhes, limitand0-se a afirmar que agora tem “outras prioridades”, incluindo sua neta e sua carreira como apresentadora e colunista.

Neste sábado, outro aliado de Johson, o conservador Nigel Adams, também comunicou sua renúncia. Apesar de tomarem decisões quase simultâneas, Adams e Dorries não atribuíram suas decisões à saída do ex-premiê.

Para a BBC, está claro que há surpresa e irritação com a maneira pela qual Johnson e seus aliados atacaram o Comitê de Privilégios e a integridade de seus membros. Muitos conservadores disseram à BBC que estão totalmente fartos e frustrados com a realização de três novas eleições locais.

Ainda não houve nenhuma declaração do primeiro-ministro Rishi Sunak ou de qualquer integrante da comissão Mas os conservadores admitem que estão discutindo o assunto e tentando descobrir o que pode acontecer a seguir.

Com as renúncias, três eleições locais deverão acontecer para substituir os deputados e há temores de que o partido não consiga votos suficientes para manter esses assentos.

Antes dos três anúncios dos últimos dias, os conservadores possuíam maioria de 64 deputados no Parlamento, uma vantagem já bem menor do que a de 2019, quando sob a liderança de Boris Johnson a legenda conquistou vantagem de 80 lugares nas eleições.

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