Quarta-feira, 20 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 24 de março de 2023
Quando olhamos para um primata, uma das primeiras características que identificamos é quantidade de pelos, que são bastante espessos e até emaranhados, cobrindo todo o corpo do animal. No entanto, o ser humano é o único entre os primatas existentes, ordem que engloba os gorilas, os lêmures e os macacos de um modo geral, a ter poucos pelos. A explicação está no processo de evolução dos humanos.
No entanto, é preciso fazer uma correção. Na verdade, os seres humanos têm, sim, muitos pelos e tanto quanto algumas espécies de macacos. Para ser preciso, existem pelo menos cinco milhões de folículos de pelos espalhados pela pele, mas a maioria desses folículos são rasos e produzem filamentos muito curtos e finos, diferente dos outros primatas.
“Tecnicamente, temos pelos em todo o corpo, mas são folículos em miniatura”, explica Tina Lasisi, bioantropóloga da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, para a BBC. “Eles são miniaturizados a ponto de, funcionalmente, não nos protegerem mais”, acrescenta.
Agora, olhando para o corpo humano, é fácil perceber onde os folículos mais profundos e espessos estão: na cabeça. De alguma forma, essa cobertura lembra os pelos tão comuns na maioria dos primatas. Outras semelhanças são identificadas no rosto após a puberdade em homens, a barba. Além disso, existem também os pelos mais grossos das axilas e dos pelos pubianos.
Por que os humanos parecem ter menos pelos que os macacos?
A ciência ainda não sabe o porquê dos pelos terem se diferenciado entre os humanos, mas existem algumas hipóteses realmente interessantes. Entre elas, a mais aceita é a de que a diminuição dos pelos esteja relacionada com a necessidade de resfriamento do corpo, conhecida como a “hipótese da savana”.
Aqui, cabe explicar que, durante o período Pleistoceno, o Homo erectus e as outras espécies de hominídeos praticavam a caça de persistência na savana. Isso significa que, para capturar uma presa, o animal era perseguido por horas até chegar no seu limite de exaustão. Por causa da atividade muito intensa e do calor, eles corriam o risco de superaquecimento.
Enquanto os hominídeos perdiam os pelos, as glândulas sudoríparas assumiam melhor a função de resfriamento do corpo, através do suor. “Podemos imaginar, com um pouco de confiança, que isso acontece a 1,5 a 2 milhões de anos”, afirma Lasisi. Naquela época, os antepassados ainda não ocupavam regiões tão frias no globo, onde manter o calor seria algo essencial.
Mais hipóteses explicam os poucos pelos em humanos
Outra hipótese sobre a perda dos pelos característicos dos primatas envolve a questão dos parasitas, conhecida como a hipótese dos ectoparasitas. Entre os defensores desta ideia, está Mark Pagal, professor de biologia evolutiva da Universidade de Reading, no Reino Unido.
Antes de seguirmos, vale fazer uma breve consideração. Os ectoparasitas são artrópodes que dependem da pele de um hospedeiro em, pelo menos, alguma etapa da vida. Entram nessa classificação, os insetos (pulgas, moscas e até piolhos) e os ácaros (carrapatos).
“Os parasitas provavelmente foram e ainda são uma das maiores forças seletivas da nossa história evolutiva”, defende Pagal. “Se você olhar pelo mundo, os ectoparasitas são [até hoje] um enorme problema, como as moscas que picam e transmitem doenças”, pontua . “E essas moscas se especializaram em pousar e viver nos pelos e depositar seus ovos”, completa.