Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Entre contos e romances, relembre a obra de Lygia Fagundes Telles

Lygia Fagundes Telles, a dama da literatura brasileira, morreu na manhã deste domingo (3) aos 98 anos de idade. Com uma capacidade ímpar de se comunicar em público com o curioso das coisas literárias, deixou um vasto legado de obras, desde seu primeiro livro, Porão e Sobrado, publicado em 1938 e financiado pelo pai, até o mais recente, Um Coração Ardente, que já completa 10 anos de seu lançamento.

O corpo da escritora foi velado na Academia Paulista de Letras, no Largo do Arouche, Centro da capital paulista. A cerimônia de despedida começou por volta das 18h de domingo .O velório era aberto ao público e seu corpo foi cremado no cemitério da Vila Alpina.

Ela morreu em casa, em São Paulo, de causas naturais, segundo Juarez Neto, da Academia Brasileira de Letras (ABL). A academia informou que fará uma Sessão da Saudade na próxima quinta-feira (7), no Salão Nobre, em homenagem à autora.

Lygia recebeu vários prêmios ao longo da carreira. O prêmio Camões (2005), o Jabuti (1966, 1974 e 2001) e o Guimarães Rosa (1972). A escritora tem obras traduzidas para o alemão, espanhol, francês, inglês, italiano, polonês, sueco, tcheco, português de Portugal, além de adaptações de suas obras para o cinema, teatro e TV.

Para o presidente da ABL, Merval Pereira, a escritora foi uma figura exponencial, fundamental não só para a literatura.

“A morte da Lygia faz que a academia perca uma figura exponencial, ela foi fundamental não só para a literatura, ela foi uma grande líder feminista, ela relatava a sua vida moderna, e fazia isso colocando as mulheres em uma posição de destaque. Então, além de grande escritora, ela era uma grande figura humana. […] A literatura brasileira perde uma grande mulher”, disse Merval em entrevista ao canal Globonews.

Em nota, a Academia Paulista de Letras lamentou sua morte.

“A mais notável personalidade da literatura brasileira, patriota e democrata, já era lenda em vida. Permanecerá no Panteão das glórias universais e, para orgulho nosso, era mais academicamente bandeirante. Não faltava aos nossos encontros semanais no Arouche. A gigantesca e exuberante obra continuará a ser revisitada, enquanto houver leitor no mundo”, escreveu José Renato Nalini.

Lygia considerava Ciranda de Pedra (1954) o marco inicial de suas obras completas. O romance virou novela na TV Globo quase 30 anos depois, em 1986. A novela foi escrita por Janete Clair, com a colaboração de Dias Gomes.

Contos como Antes do Baile Verde (1970), Seminário dos Ratos (1977), A Estrutura da Bolha de Sabão (1978), A Disciplina do Amor (1980), Mistérios (1981), A Noite Escura e Mais Eu (1998), Invenção e Memória (2000) também são uma ótima sugestão àqueles que pretendem conhecer um pouco mais da escrita da autora.

Em 1985, ela foi eleita para a Academia Brasileira de Letras, se tornando a terceira mulher a entrar para a ABL, e fez um discurso histórico.

“Imaginai uma reunião na linha dos malditos, dos raros, daqueles que pelos caminhos mais inesperados escolheram a ruptura. Fora do tempo e ocupando o mesmo espaço estão todos em uma sala. É noite. Os gênios ignorados num país de memória curta, que parece preferir os mitos estrangeiros, como se estivéssemos ainda no século 17, sob o cativeiro do reino. Os mitos estrangeiros que continuam sim nos vampirizando. Nós já estamos quase esvaídos e ainda oferecemos a jugular no nosso melhor inglês, o vosso amor é uma honra para mim”.

Relembre a obra de Lygia Fagundes Telles abaixo:

1) Os romances de Lygia Fagundes Telles

— Ciranda de Pedra, 1954

— Verão no Aquário, 1964

— As Meninas, 1973

— As Horas Nuas, 1989

2) Os contos de Lygia Fagundes Telles

— Porão e Sobrado, 1938

— Praia Viva, 1944

— O Cacto Vermelho, 1949

— Histórias do Desencontro, 1958

— Histórias Escolhidas, 1964

— O Jardim Selvagem, 1965

— Antes do Baile Verde, 1970

— Seminário dos Ratos, 1977

— Filhos Pródigos, 1978 (reeditado como A Estrutura da Bolha de Sabão, 1991)

— A Disciplina do Amor, 1980

— Mistérios, 1981

— Venha Ver o Pôr do Sol e Outros Contos, 1987

— A Noite Escura e Mais Eu, 1995

— Oito Contos de Amor, 1996

— Invenção e Memória, 2000

— Durante Aquele Estranho Chá: Perdidos e Achados, 2002

— Conspiração de Nuvens, 2007

— Passaporte para a China: Crônicas de Viagem, 2011

— O Segredo e Outras Histórias de Descoberta, 2012

— Um Coração Ardente, 2012

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