Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Estudo mostra que viajar faz bem para a saúde, e quanto mais longe melhor

Para quem ama conhecer um lugar novo, uma boa notícia: viajar faz bem para a saúde, e quanto maior a variedade de destinos e a distância deles, melhor. É o que diz um novo estudo, conduzido por pesquisadores da University College de Londres (UCL), no Reino Unido, publicado na revista científica Transport & Health.

O fato não é necessariamente novo, diversos trabalhos apontam os benefícios principalmente para a saúde mental devido a mecanismos como redução do estresse e sensação de bem-estar e satisfação decorrentes da experiência em conhecer um lugar novo.

Porém, o novo estudo britânico mostra que pessoas que viajam para mais longe de 24 km de onde moram, para mais lugares e de forma regular são mais propensas a relatarem melhores níveis de um indicador chamado “saúde autoavaliada”, em que a pessoa classifica o quanto é saudável de um modo geral.

Segundo os pesquisadores, isso pode acontecer por aumentar a interação com outras pessoas e a diversidade delas, além de encontrar amigos e familiares que moram em locais distantes. “Os resultados confirmam a importância de poder viajar para fora da área local para participação social e para a saúde”, escreveram os autores no trabalho.

Para chegar a essa conclusão, eles analisaram um grupo de moradores do Norte da Inglaterra, região em que os residentes enfrentam desfechos piores de saúde, comparados ao resto do país, e em que algumas áreas urbanas têm restrições no acesso ao transporte público, de acordo com os cientistas.

Para relacionar os relatos de saúde às viagens, eles entrevistaram 3.014 participantes sobre temas como acesso ao transporte, autoavaliação da saúde, frequência de viagens, número de lugares diferentes visitados, distância percorrida e uso de carro ou de modais de transporte públicos.

Além de confirmar a relação positiva em conhecer lugares diferentes, a análise das respostas indicou uma ligação entre piores relatos de saúde e maiores restrições a viagens, especialmente entre aqueles com idades superiores a 55 anos. O autor principal do estudo, Paulo Anciaes, pesquisador da Escola de Meio Ambiente, Energia e Recursos da UCL, explica que um dos motivos é por muitos terem parentes mais novos que deixaram a região, e por isso não estarem em contato frequente com as famílias.

“Aqueles com mais de 55 anos são mais propensos a enfrentar outras restrições para viajar, como mobilidade limitada. Eles também são mais propensos a sofrer de solidão. A variedade de lugares que eles podem visitar é baixa, levando a uma menor participação social e níveis mais baixos de saúde geral”, diz o pesquisador, que defende medidas para ampliar o acesso desses moradores a outros lugares.

“Os resultados deste estudo enfatizam a necessidade de políticas públicas que reduzam as restrições de deslocamento na região, oferecendo melhores opções de transporte público e privado que permitam viagens mais frequentes e mais longas”, defende Anciaes, em comunicado.

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