Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Ex-diretor do FBI dirige ônibus escolar

Não foi a virada na carreira que ele imaginou. Mike Mason era vice-diretor do FBI, responsável por todas as investigações criminais. “Metade dos recursos operacionais do FBI estavam sob minha responsabilidade”, disse ele em sua casa em Midlothian, Virgínia. Mas, em sua aposentadoria, ele sentiu que precisava ajudar quando soube que não havia motoristas de ônibus escolares na cidade.

Desde abril, Mason trabalha para escolas públicas do condado de Chesterfield. Embora seja muito diferente de sua profissão anterior, “sinto o mesmo senso de dever”, disse. Todas as manhãs, às 5h30, ele inspeciona seu ônibus para garantir a segurança dos estudantes. “Eu o deixo pronto para rodar”, disse.

Ele pega nove alunos de 10 a 18 anos e os deixa no Faison Center, em Richmond, que oferece programas educacionais para crianças autistas. Mason entendeu a luta deles durante a pandemia. Foi o que o estimulou a abandonar sua curta aposentadoria para dirigir um ônibus escolar.

A ideia surgiu em janeiro, quando viu uma reportagem local sobre a necessidade de motoristas. Mason aprendeu que a escassez se tornou uma crise nos distritos escolares. Dado que a idade média dos motoristas de ônibus escolares é mais alta do que a dos trabalhadores americanos, muitos decidiram se aposentar quando as escolas passaram para o ensino remoto, enquanto outros não queriam correr o risco de infecção depois que as aulas voltaram.

Os Estados tentaram soluções criativas. Massachusetts enviou a Guarda Nacional para preencher a lacuna. Pensilvânia, Carolina do Sul e Ohio querem seguir o exemplo. Para atrair motoristas, as empresas oferecem treinamento gratuito e bônus de inscrição, enquanto vários distritos, incluindo os de Baltimore, pagam aos pais para transportarem os próprios filhos para a escola. Mason, que se aposentou do FBI em 2007 e foi chefe de segurança da Verizon até dezembro de 2020, queria ajudar.

Ele cresceu na região sul de Chicago e foi criado por um pai solteiro que era motorista de caminhão. “Isso é parte do que me faz sorrir todas as manhãs, quando dou a partida no ônibus”, contou. “É a conexão com meu pai.” Na juventude, Mason ensacou comida, estocou prateleiras, bombeou gasolina, lavou carros e cortou grama para pagar a faculdade.

Em 1980, se formou na Universidade Wesleyan, de Illinois, depois se juntou aos Fuzileiros Navais, onde serviu por cinco anos antes de entrar na Academia do FBI, em 1985 – um sonho antigo. “Queria fazer parte de algo que fosse maior do que eu”, disse. “A realidade excedeu tudo que eu sempre sonhei.”

Durante os 23 anos de FBI, ele deixou de ser um agente de casos criminais para ser supervisor e subir na hierarquia. “Continuo sendo um dos quatro negros mais antigos da história do FBI e tenho muito orgulho disso.”

Apesar do currículo, ele não estava qualificado para se tornar motorista de ônibus escolar de uma hora para outra. Foram semanas de treinamento para obter a licença. Segundo ele, a melhor parte do dia é quando um aluno tímido sorri pela primeira vez ou ele ganha o aceno de uma criança.

“Esta é uma experiência que vou lembrar e guardar com carinho”, disse Mason, acrescentando que está bem financeiramente a ponto de doar a maior parte de seu salário para caridade. Agora, ele espera servir de inspiração para outras pessoas.

“Este é um trabalho importante e gratificante”, disse. Afinal, segundo ele, levar estudantes é muito mais do que manobrar um grande ônibus amarelo. “Estou transportando o futuro dos EUA. O que poderia ser mais importante do que isso?”.

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