Domingo, 24 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 23 de novembro de 2024
Ex-ministro de Jair Bolsonaro e secretário-geral do PL, o senador Rogério Marinho (RN) afirma que, a despeito das evidências listadas pela Polícia Federal (PF), vincular o ex-presidente à ofensiva golpista é “forçar a barra”. O parlamentar critica a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como relator das investigações, defende o avanço do projeto que anistia os envolvidos no 8 de Janeiro e se esquiva de apontar o nome da direita para 2026, já que Bolsonaro está inelegível. “Acreditamos que vai se reverter”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo.
1. A PF indiciou Jair Bolsonaro e quatro ex-ministros por participação em tentativa de golpe de Estado. O senhor, como aliado do ex-presidente, tinha conhecimento da tentativa de golpe?
Nem eu nem você. Nós estamos há mais de dois anos com esse inquérito que não termina nunca, ao lado dos outros, como o das fake news, que vai fazer seis anos. São investigações intermináveis em que as pessoas são presas para se aguardar que elas façam uma confissão. Sobre o indiciamento, era esperado e é a sequência do processo de perseguição política.
2. O plano teria sido impresso no Palácio do Planalto.
Acharam um plano depois de dois anos, em um celular que foi aprendido há dois anos, me desculpe. Eu tenho que aguardar o que está acontecendo. Aloprado tem em todos os lugares. Já ouvi essa frase, inclusive, de um cara chamado Luiz Inácio Lula da Silva (referência a um escândalo na campanha presidencial de 2006). Querer atribuir essa situação a Bolsonaro é forçar a barra.
3. A investigação cita uma reunião na casa do general Braga Netto, que é próximo ao senhor.
Tudo o que acontece precisa ser apurado. O que não dá é conviver com métodos poucos ortodoxos. O Direito tem um rito processual. Por exemplo: acontece um problema com a pessoa que claramente está desequilibrada e, no dia seguinte, o ministro Alexandre de Moraes afirma que aquilo faz parte do gabinete do ódio e recebe o inquérito para presidi-lo. Fica difícil acreditar na imparcialidade.
4. O projeto de anistia para os envolvidos no 8/01 naufragou com o avanço das investigações e a ação do homem-bomba na Praça dos Três Poderes?
Claro que não. A anistia é um instrumento previsto na Constituição e é um ato político, não é jurisdicional. Aliás, me causa muita espécie ver ministros (do STF) prejulgando e fazendo análise política. Nós defendemos o Supremo Tribunal Federal, mas cada um exercendo seu papel.
5. Mas acredita que o projeto ainda vai avançar?
Foi criada uma comissão para tratar do tema. Caso não aconteça agora, espero que funcione no próximo ano. É necessário ter equilíbrio e que se puna quem depredou, invadiu, mas dentro do que a lei prevê. O que vai dar apoio da maioria do Parlamento é a mobilização popular e a exposição do processo.