Domingo, 26 de janeiro de 2025

Ex-ministro de Bolsonaro minimiza atrito com o ex-presidente e nega racha com o seu partido

O senador Marcos Pontes (PL-SP) disse nesta 4ª feira (22.jan.2025) ser normal divergir de “amigos”. A declaração se dá depois do desentendimento com ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que criticou o congressista por lançar uma candidatura independe à presidência da Casa Alta. O PL apoia Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Pontes negou que a sua decisão atrapalhará a articulação política do PL no Senado, como disse Bolsonaro. Declarou, ainda, que não há razão para que a ação criei atritos internos no partido.

“Não tem razão para mal-estar. Com a independência da minha candidatura, o partido e o acordo [do PL com o Alcolumbre] ficam protegidos e a sigla fica livre para ignorá-la. Se eu ganhar, o PL teria a presidência […] Se for o Davi, teremos que convencê-lo [das nossas pautas]”, disse.

Segundo ele, a candidatura independente se deu porque não tinha “ninguém de direita” concorrendo ao pleito.

“Eu me candidato porque eu ouço a população. Nós somos contra os jogos, o aborto, drogas, a favor da democracia, da liberdade, da anistia, de colocar o impeachment para funcionar. Eu não vi o Davi, que é meu amigo, defender essas coisas e não vi a direita bem representada”, afirmou.

Perguntado sobre o apoio do PL a Alcolumbre, Pontes disse não concordar “100%” com a estratégia do partido em apoiar o amapaense. Afirmou entender a lógica, mas declarou que o senador não está alinhado com as pautas da direita.

“Não concordo 100% com essa estratégia. Mas é uma estratégia que tem uma lógica. E por que foi feito isso? Bom, porque ele [Alcolumbre] estava com uma um favoritismo enorme por causa do número de partidos, então obviamente foi isso e não pela pelo alinhamento dele com as pautas da direita […] Mas vai ter que ter o convencimento dele nas [nossas] pautas. Uma dificuldade extra. Vai dar trabalho conseguir a aprovação”, disse.

Marcos Pontes também negou que tenha sido procurado pelo partido para assumir a vice-presidência da Casa. Em novembro, Bolsonaro ventilou o nome do ex-ministro para assumir o cargo. À época, afirmou que estava “quase certo”. Hoje, o senador Eduardo Gomes (PL-TO) é o mais cotado.

Arrogância

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou publicamente a decisão de Marcos Pontes de se candidatar ao Senado. Sem mencionar Bolsonaro, Pontes disse em seu perfil no X (antigo Twitter) que a “arrogância pode fechar portas” e compartilhou um vídeo com imagens de sua trajetória como astronauta.

“A arrogância pode fechar portas, mas a humildade sempre abrirá as janelas da sabedoria para novos horizontes”, disse o senador sem citar Bolsonaro na postagem.

A troca de farpas acontece após o ex-presidente chamar a candidatura de Pontes de “lamentável” e afirmar que ela acontece à revelia do partido.

Em entrevista ao canal AuriVerde Brasil no YouTube, o ex-chefe do Executivo citou seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia ao falar sobre “ter disciplina” e “honrar a palavra dada”.

Para o ex-presidente, o senador está pensando somente nele mesmo, mas desejou “boa sorte” ao correligionário.

“Eu elegi você em São Paulo. Deixei de lado lá, entre eles, o meu amigo Marco Feliciano, com uma dor no coração enorme. Mas deixei de lado o Marco Feliciano para te apoiar [à eleição de senador]. Esse é o pagamento?”, questionou Bolsonaro. Entre os motivos que o ex-presidente elenca para julgar a candidatura de Marcos Pontes um erro, é a falta de representatividade e força na Casa.

“A única forma de nós sermos algo dentro do Senado e não sermos zumbis como somos hoje é tendo um candidato. Se não conseguimos ganhar o Rogério Marinho, que é um baita articulador, não vai ser com você agora”, disse Bolsonaro.

Indiciado por tentativa de golpe de Estado em 2022, o ex-presidente ainda fez um apelo ao aliado falando que “o clima mudou” e que, do jeito que está a correlação de forças na Casa, o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de Janeiro – do qual pode se beneficiar – tem “força zero” no Senado. Com informações dos portais Estadão Conteúdo e Poder360.

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