Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 6 de dezembro de 2024
A Suprema Corte da Argentina rejeitou os recursos judiciais apresentados pela defesa da ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), 71 anos, e determinou que ela vá a julgamento por acusações de acobertamento de terroristas. Elá é acusada de ter feito um pacto com o Irã para encobrir a participação de cinco agentes do regime dos aiatolás no maior atentado da história da América Latina.
Os integrantes do grupo são apontados como autores intelectuais do ataque com caminhão-bomba à sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) na capital Buenos Aires, cometido em 18 de julho de 1994. A detonação deixou 85 mortos e mais de 300 feridos.
Na década seguinte, quando comandava a Argentina, Cristina teria assinado um memorando de entendimento com o governo de Teerã, permitindo ocultar a participação de iranianos em conluio com uma célula argentina de extremistas para a execução do ataque. A medida, extraoficial, teria sido compensada pela viabilização de negócio envolvendo a troca de grãos do país por petróleo dos aiatolás.
De acordo informações do jornal “El Clarín”, a nova decisão ratifica posicionamento de um colegiado do Tribunal Federal de Cassação Penal para reabertura do caso, aberto em 2015 pelo procurador Alberto Nisman. Poucos dias depois, na véspera de prestar depoimento no Congresso, ele foi encontrado morto no seu apartamento em Buenos Aires, com um tiro na cabeça.
Em abril deste ano, a Justiça da Argentina considerou o Irã responsável pelo atentado na sede da Amia. Cerca e dois anos antes do incidente, um atentado à Embaixada de Israel em Buenos Aires já havia deixado 29 mortos.
O tribunal responsável pela decisão disse que os dois ataques foram uma decisão política e estratégica do regime iraniano e foram executados pelo Hezbollah – organização política e paramilitar fundamentalista islâmica fundada no Líbano da década de 1980 (então sob guerra civil) por líderes religiosos alinhados ao Irã:
“O Hezbollah agiu sob a inspiração, organização, planejamento e financiamento de organizações estatais e paraestatais subordinadas ao governo dos aiatolás”.
Outro caso
Por outro lado, a Suprema Corte manteve o arquivamento de outro caso contra Cristina, acusada de fraude por prejuízo para o Banco Central da Argentina. A acusação envolvia a suposta venda de dólares futuros em valor inferior ao que era oferecido no mercado, durante a gestão da líder peronista.
Em novembro, um tribunal federal de segunda instância havia confirmado uma condenação de Cristina a seis anos de prisão e inabilitação perpétua para ocupar cargos públicos. O caso envolvia denúncia de esquema de desvios de recursos de obras públicas na província de Santa Cruz, berço político do chamado “kirchnerismo”.