Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Executivo morto em Nova York: por que identificar o suspeito do crime é tão difícil mesmo com imagens, celular e DNA

A polícia americana divulgou nos últimos dias várias imagens dos preparativos, da ação e da fuga do suspeito de ter executado Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare, maior seguradora de saúde dos Estados Unidos, em pleno coração de Manhattan.

Duas das fotos difundidas pelas autoridades mostram o suposto atirador sem a máscara facial, no momento em que flertava com a funcionária de um albergue onde estava hospedado.

Além disso, foram recuperados um celular e uma garrafa que ele teria abandonado ao fugir. Por que, então, com tantos registros e na “cidade das câmeras” de Nova York, é tão difícil chegar ao nome daquele homem?

Especialistas apontam que as autoridades podem levar semanas para encontrar filmagens e dados que levem à identificação do suposto atirador ou à de possíveis contatos que ele pode ter feito antes do ataque. A suspeita é que o homem tenha chegado à Nova York 10 dias antes do crime e saído do município depois do assassinato. A polícia tenta montar uma linha do tempo completa desse período.

As autoridades também temem que parte da população veja o homem como alguém “que fez justiça contra um sistema de saúde que privilegia os lucros acima da vida dos pacientes” e, com isso, decida não colaborar com as investigações — por exemplo, reportar tê-lo visto pela rua. As imagens do suspeito sem a máscara facial são a pista mais frutífera, até aqui, na tentativa de identificá-lo, mas esse processo não é tão simples quanto se imagina.

Donnie Scott, CEO do IDEMIA Group, especializado em tecnologia de reconhecimento facial, explicou que o software de reconhecimento facial nem sempre atrela o rosto a uma identidade.

“A maioria dos americanos pode acreditar que a polícia tem imagens de todos nos Estados Unidos. Isso não é verdade (…) Se ele não for um residente de Nova York que não tenha sido preso antes, é provável que ele não esteja no banco de dados criminal ou no repositório de fotos [da cidade]”, ressaltou Scott. “O que provavelmente está acontecendo em todas as autoridades policiais é que eles estão procurando por essa imagem em seus sistemas locais para ver se esse criminoso existe neles.”

O Estado de Nova York não tem acesso ao banco de dados de motoristas, por exemplo. Para acessá-lo, é preciso estabelecer um acordo de cooperação, respeitando a lei, disse Scott à rede americana.

“O rosto não é uma impressão digital. Não é DNA. Não é usado para (uma) correspondência afirmativa. É usado para chegar a um número pequeno o suficiente [de resultados de identificação] para que o especialista possa dizer: ‘Sim, acredito que temos uma pista investigativa aqui. Que outras evidências podemos ter que podem associar essa pessoa ao crime?’”, ponderou ele.

As autoridades também analisam um celular e uma garrafa descartável encontrados na rota de fuga do suspeito. Mas extrair dados do aparelho pode ser um desafio maior do que se imagina, a depender da criptografia, do sistema operacional, do modelo e de eventuais programas de bloqueio de informações.

Vestígios de DNA encontrados na garrafa foram enviados para testes em laboratório. Mas a identificação do suspeito a partir dessa pista vai depender de o material genético dele — ou, ao menos, de algum parente dele — estar numa base de dados acessível às autoridades. Caso contrário, o sequenciamento de pouco vai servir para chegar ao assassino de Brian Thompson.

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