Quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Exposição no Farol Santander Porto Alegre apresenta legado de imigrantes europeus no Sul do Brasil

No ano em que são celebrados os 150 anos da imigração italiana no Brasil e os 200 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul, o Farol Santander Porto Alegre receberá, a partir do dia 10 de abril, a exposição “Artefatos do Sul: Legados da Imigração Alemã e Italiana”. A mostra convida o público a mergulhar na cultura matéria dos imigrantes por meio de 950 obras em diferentes tipologias, materiais e técnicas, produzidas desde a segunda metade do século 19 até as primeiras décadas do século 20. A exposição permanecerá em cartaz no térreo do Grande Hall até 23 de junho.

“Para o Farol Santander é uma alegria apresentar essa exposição. Convidamos todos a uma imersão nessa porção da nossa história, que nos ajuda a entender as raízes do empreendedorismo e do desenvolvimento industrial na região Sul do país”, comenta Maitê Leite, vice-presidente Executiva Institucional do Santander Brasil.

Com curadoria da historiadora de design Adélia Borges, as obras foram selecionadas a partir de vasto acervo de cerca de 6.500 itens da coleção Azevedo Moura, reunidos ao longo de cinco décadas nos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná. A exposição, que expressa a riqueza e a pluralidade cultural trazida e desenvolvida pelos imigrantes italianos e alemães, abrange tanto objetos autênticos, lembranças e técnicas trazidos de seus locais de origem, quanto sua recriação em terras brasileiras, utilizando as condições e materiais disponíveis na época.

Como testemunha do povoamento no Sul do Brasil, a seleção de objetos proporciona um panorama abrangente do cotidiano, incluindo desde móveis e ferramentas de trabalho até utensílios domésticos, fotos antigas e cartões postais. Essas criações surgiram da necessidade destes imigrantes e revelam as suas respostas inteligentes aos desafios enfrentados. Além disso, oferecem inspiração e lições ao design contemporâneo ao demonstrar que a forma dos objetos utilitários não deve apenas atender à função para qual foram destinados, mas, também, pode transcendê-la, expressando a identidade cultural do território.

A exposição destaca-se como um registro fundamental da significativa contribuição cultural dos imigrantes europeus no Sul do país. “A coleção nos oferece um espelho no qual nós, brasileiros, podemos nos contemplar, reconhecendo-nos como um povo multifacetado, diverso e plural. O público gaúcho poderá conhecer melhor a história e os legados de uma parte de seus antepassados, valorizando esse precioso patrimônio material e imaterial”, explica Adélia Borges.

A exposição

No espaço central do Grande Hall do Farol Santander, o núcleo “Pode entrar que a casa é sua” recebe os visitantes com um conjunto de portas de madeira maciça, de aproximadamente 1860 a 1920. Enquanto isso, “As várias formas do sentar” apresenta ao público cavalinhos de balanço, bancos, cadeiras e banquetas, em diversas tipologias e cores.

As longas galerias laterais abrigam peças feitas no Brasil ou trazidas pelos imigrantes, a maioria executada à mão. Esses itens estão relacionados aos universos do trabalho, doméstico e familiar, sendo confeccionados em materiais diversificados, como ferro, cerâmica, vidro, porcelana e madeira. Entre eles, destacam-se as “Ferramentas do fazer”, conjuntos ligados a produção de vinho, marcenaria, ferraria, construção e trabalho rural e têxtil.

“Preparar e servir o pão de cada dia” traz um acervo impressionante de equipamentos de cozinha, incluindo louças, cerâmicas, adornos decorativos e outros instrumentos. “A infância nas colônias”, por sua vez, é composta por tinteiros, penas, lousas e brinquedos da época. “O céu que nos protege” destaca a religiosidade característica dos imigrantes por meio de oratórios, esculturas de santos e impressões de pinturas. Já a parte “Para conhecer com as mãos” da mostra oferece acessibilidade tátil para o público, apresentando vitrines em que é possível manusear os objetos.

O imaginário social da época ganha vida nas fotografias, eternizando momentos marcantes das famílias, em cartões postais enviados ou recebidos pelos imigrantes, quadros com ditados populares e impressos gráficos. “Essas imagens enriquecem a exposição, mostrando não apenas os objetos em si, mas também as pessoas por trás da sua criação e confecção, seus modos de vida, seus povoados, casas e famílias. Dessa forma, será possível explorar a dimensão imaterial dos artefatos exibidos”, comenta Adélia.

Entre as galerias, destaca-se uma projeção sonorizada assinada pelo Estúdio Preto e Branco, apresentando registros históricos da travessia e dos primeiros assentamentos urbanos dos imigrantes. Na sala de vídeos, os visitantes têm a oportunidade de assistir a entrevistas sobre a coleção com Adélia Borges, Alfredo Aquino, Calito de Azevedo Moura, Günter Weimer, Paula Ramos e Tina de Azevedo Moura, com edição da TerraMar Filmes.

A Coleção

A coleção Azevedo Moura começou a se formar a partir de meados dos anos 1960. A iniciativa é de Calito de Azevedo Moura, arquiteto e professor de Arquitetura e Urbanismo, com atuações na Universidade de Brasília e na Universidade Federal do Rio Grande Do Sul. Com um olhar erudito e informado, Calito privilegiou dois fatores em suas escolhas para o conjunto, que ele denomina de “Desenho Anônimo”: a expressão estético-formal dos objetos e a busca por variedades dentro de uma mesma tipologia.

Sob a coordenação geral da Expomus – Exposições, Museus e Projetos Culturais, empresa brasileira com 42 anos de atuação na área cultural, o Projeto Expográfico de “Artefatos do Sul: Legados da Imigração alemã e italiana” foi desenvolvido pela LT Arquitetura e Design, liderada pelas arquitetas e designers Ana Luisa Cuervo Lo Pumo e Maria Cristina Cuervo De Azevedo Moura.

A exposição é patrocinada pelo Santander Brasil e Zurich Santander, com apoio da Sherwin Williams e da Panvel. A organização e produção do projeto são da Expomus, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

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