Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Fãs acusam “Stranger Things” de fazer “queerbaiting” com personagem; entenda o que isso significa

Alguns fãs de “Stranger Things” estão incomodados com o fato da série não definir claramente a sexualidade de Will (Noah Schnapp), mesmo dando indícios desde a terceira temporada de que o personagem seria gay. Isso fez com que muitas pessoas acusassem a Netflix e os criadores da série de “queerbaiting”.

A expressão é usada para definir um tipo de “isca” para o público LGBTQIA+. A situação acontece bastante em filmes e séries, e tem sido mais alvo de análises nos últimos anos. É quando uma produção insere vários elementos e dicas relacionando um personagem com um grupo queer, mas sem nunca defini-lo expressamente em cena.

Em “Stranger Things” vemos um Will desconfortável na relação com os amigos, todos com namoradas, e sem deixar claro seus sentimentos. A gota d’água para os fãs com relação ao “queerbaiting” aconteceu no primeiro episódio da atual temporada, quando o personagem é visto carregando um projeto de escola sobre Alan Turing, considerado o pai da ciência da computação. Turing, que foi vivido por Benedict Cumberbatch no filme “O Jogo da Imitação”, foi condenado por sua homossexualidade e tirou a própria vida.

“Eu sinto que eles (os irmãos Duffer) nunca abordam isso ou dizem descaradamente como Will é. Eu acho que essa é a beleza do negócio, que depende apenas da interpretação do público”, disse o ator Noah Schnapp, que vive Will, em conversa com a Variety.

A escritora e ilustradora Alice Priestly apontou que o “fato de ‘Stranger Things’ se passar na década de 80 não é justificativa para queerbaiting”. E continuou: “Queerbaiting não é elemento narrativo. É autoexplicativo: é uma isca para quem é queer. É uma forma de atrair um público que necessita de representação há décadas. É uma forma de ganhar dinheiro fácil”.

O jornalista Scott Bryan, da BBC, comentou a declaração do ator: “deixar tais identidades inexploradas e abertas a tal interpretação não é o golpe de mestre que eles pensam que é”.

Já a escritora Jill Gutowitz ironizou a fala de Schnapp ao dizer que a mesma era sobre “a beleza de não se falar ‘gay’”.

No Twitter, é possível encontrar inúmeros fãs questionando a abordagem do personagem em cena.

“Estamos em 2022, não precisamos ficar colocando rótulo em tudo”, argumentou Millie Bobby Brown, a Eleven, também à Variety.

Apesar do desconforto criado, os irmãos Duffer, responsáveis pela série, garantem que haverá mais clareza na abordagem da sexualidade do Will em breve, e que o arco do personagem está “longe do fim”.

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