Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Federal Reserve, o banco central americano, confirma alta de juros e derruba Bolsas e valoriza o dólar

O Federal Reserve ditou o tom do mercado nesta quarta-feira (6). O banco central americano adotou uma postura mais dura em relação ao controle da inflação e deve aumentar a taxa de juros em 0,5%. Isso fez o dólar subir pelo segundo dia consecutivo e terminar em alta de 1,19%, cotado em R$ 4,7147; além de derrubar a Bolsa em 0,55%, encerrando o pregão aos 118.227,75 pontos.

Revelou-se que muitos dirigentes do BC americano que votaram pelo aumento de 0,25% em março julgavam uma elevação de 0,50% apropriada. Mas, diante das incertezas provocadas pela guerra na Ucrânia, eles preferiram dar um passo inicial menor. O Fed também falou de forma mais explícita sobre a redução de seu balanço patrimonial – o que significa, na prática, retirar dinheiro do sistema. Esse processo começaria em maio.

Lá fora, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes, ampliou a alta após a divulgação da ata e tocou máxima aos 99,769 pontos.

Nas Bolsas, o Nasdaq foi amplamente penalizado, dada a correlação de alta de juros com venda de ações de empresas de tecnologia. O índice baixou 2,22%. O S&P 500, com as companhias desse setor com peso relevante, cedeu 0,97%. Por sua vez, o Dow Jones recuou 0,42%. No Brasil, a Bolsa já vinha sentindo desde a manhã o peso da visão austera do Fed, aliado a dados mais fracos da atividade econômica na China e incertezas com a guerra, mas as perdas foram mais limitadas.

“A Bolsa brasileira estava muito descontada e foi beneficiada pela busca por alternativa à Rússia entre os emergentes, com o Brasil sendo favorecido como grande produtor de commodities, o que se refletiu em fluxo para o País, também pelo ciclo de elevação de juros em estágio avançado aqui. Considerando tanto o nível atual de câmbio e de Bolsa, estamos mais próximos ao equilíbrio. Em dólar, a Bolsa andou bem”, afirmou Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez.

“A elevação de juros nos Estados Unidos normalmente afeta o interesse por emergentes. Mas, mesmo com os juros subindo por lá, contamos com spread (diferença entre o custo do banco para captar e emprestar recursos) importante. Há um carrego disso. E se no médio prazo o câmbio se estabilizar entre R$ 4,50 e R$ 4,70, facilita o trabalho do BC”, diz. ressalvando ser preciso manter em mente que, no segundo semestre, com a aproximação das eleições e campanhas políticas em plena marcha, a volatilidade tende a crescer.

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