Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 18 de dezembro de 2022
As flores comestíveis já entraram no preparo de muitos pratos. Mas se engana que a prática é uma característica da culinária moderna. Especialistas dizem que os gregos, romanos e franceses durante a Idade Média e os ingleses durante a era vitoriana incluíram flores comestíveis em sua culinária, seja como aperitivo ou para realçar o sabor do prato.
Como guarnição, as flores não apenas melhoram a aparência dos alimentos, mas também adicionam aromas e sabores específicos. Consequentemente, são utilizados em bolos, bebidas, licores e chás. Exemplos incluem açafrão, parte das flores de Crocus sativus, vino violatum, calêndula ou dente-de-leão.
Uma nova revisão revelou que os benefícios desse ingrediente vão muito além do visual e do paladar. De acordo com o estudo, publicado na revista científica Plants, as flores comestíveis ajudam a promover a saúde e prevenir doenças de várias maneiras, devido às suas propriedades antioxidantes e compostos antimicrobiano.
Na revisão, os pesquisadores buscaram entender e registrar quais são as propriedades das plantas comestíveis. Para isso, eles analisaram dados sobre mais de 250 tipos de plantas, da região mediterrânea, divididas em 45 famílias, perfazendo cerca de 140 gêneros.
Em linhas gerais, adicionar plantas comestíveis à alimentação pode ajudar a eliminar ou prevenir a liberação de radicais livres, que estão por trás de muitas condições degenerativas, como doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, incluindo Parkinson e Alzheimer.
Além disso, elas possuem fitoquímicos que exercem um efeito protetor, respondendo pelos benefícios associados aos nutracêuticos (compostos bioativos que podem ser usados para suprir as necessidades do organismo). As flores comestíveis também podem ser usadas em terapias para o rejuvenescimento da pele, estimulando a imunidade em pessoas mais velhas e prevenindo ou atenuando a neurodegeneração.
Na revisão, a planta mais citada foi a Sambucus nigra L., a flor do sabugueiro. Ela apareceu em diversos preparos: “frito como doce, omelete, panqueca, suco, tempero, geleia, geléias, bebidas, aromatizador de vinagre”. Embora seja nativa da Europa, já pode ser encontrada no leste da Ásia, América do Norte, Nova Zelândia e sul da Austrália. As sementes de sabugueiro são ricas em fenóis vegetais, e seu uso em nutracêuticos e suplementos alimentares está em voga.
Diz-se que as flores de sabugueiro combatem doenças cardiovasculares e inflamatórias, estimulam o sistema imunológico enquanto combatem a inflamação e previnem a aterosclerose. Outras flores comestíveis interessantes incluem a falsa acácia, rica em polifenóis com propriedades antioxidantes e de combate a tumores que têm sido usada para tratar a gripe, induzir a calma ou melhorar a saúde geral.
Vale ressaltar que nem toda flor é comestível. Algumas flores podem ser tóxicas, portanto, é importante não sair colhendo flores pela rua e utilizando no preparo de alimentos. Estudos sobre o assunto, que buscam catalogar as espécies de plantas comestíveis e analisar sua propriedades terapêuticas também são úteis para o desenvolvimento dessa área de conhecimento.
“O potencial das flores comestíveis deve ser mais explorado pelas possíveis oportunidades econômicas que podem ser geradas para os coletores e comunidades locais”, escrevem os autores.