Terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 10 de fevereiro de 2025
Em entrevista publicada na última sexta-feira (7), o ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), foi questionado pelo portal alemão DW se, diante do aumento da inflação dos alimentos, o governo federal considerava um reajuste no Bolsa Família.
A resposta afirmativa gerou estresse no governo e reações no mercado, com aumento do dólar e queda na Bolsa de Valores, o que levou a Casa Civil a desmentir a informação imediatamente. O presidente Lula também ligou para o ministro para pedir explicações.
“Vamos tomar uma decisão (sobre reajuste do Bolsa Família) dialogando com o presidente, porque isso repercute. Será um ajuste? Será um complemento na alimentação?”, disse o ministro, que depois complementou: — Está na mesa. A decisão vai ser tomada até o final de março.
Logo em seguida, a Casa Civil reagiu por meio de nota:
“A Casa Civil da Presidência da Republica informa que não existe estudo no governo sobre aumento do valor do benefício do Bolsa Família. Esse tema não está na pauta do governo e não será discutido.”
A fala irritou Lula. Na ligação com o presidente, o ministro explicou que o que ele quis dizer era que o ministério está preparando um estudo do impacto da inflação dos alimentos sobre os beneficiários do Bolsa Família e de que forma isso poderá ser compensado.
Diante das cobranças de Lula, o ministro enviou ao gabinete presidencial a íntegra da gravação da entrevista, para que o presidente pudesse ouvir toda a fala feita dentro do contexto da entrevista. Aliados de Dias admitem que a declaração foi um erro, mas entendem que a gravação ajuda a esclarecer o ruído.
A declaração de Wellington Dias sobre o estudo para aumento do Bolsa Família pegou os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Casa Civil, Rui Costa, totalmente de surpresa. O eventual aumento do Bolsa Família teria impacto nas contas públicas em um momento em que o governo é pressionado a cortar gastos.
No Planalto, a auxiliares ficaram incomodados com a declaração de Dias. Segundo eles, a possibilidade de reajuste do benefício “sequer está no horizonte” de discussão do governo e é “fora da realidade” em um momento em que Planalto tenta mostrar sinais de austeridade com as contas públicas.
A conduta do ministro também deixou interlocutores de Lula impacientes em um dia em que o presidente estava liderando uma pauta positiva, com inaugurações voltadas à segurança hídrica em viagem para o interior da Bahia.
Duas horas depois do desmentido da Casa Civil, Wellington Dias divulgou uma nota feita em conjunto com a Secretaria de Comunicação Social (Secom) em que “esclarece que não há nenhum estudo em andamento sobre o aumento do valor do benefício do Bolsa Família e nem agenda marcada para tratar do tema”.
No Planalto, a avaliação é que o cenário coloca Wellington Dias na berlinda diante das discussões da reforma ministerial, mas não há conclusão se dois casos serão suficientes para Lula afastá-lo da pasta.
Com orçamento de R$ 291 bilhões, a pasta é alvo de cobiça de partidos de centro da base que ainda é frágil no Congresso. No entanto, justamente por causa do Bolsa Família, a área é considerada fundamental pelo PT, Lula resiste a entregá-la a um quadro que não seja ligado ao partido.
Aliados do ministro afirmam que Dias e Lula já se reuniram cinco vezes em 2025 para alinhar metas e ações da gestão até o final de 2026, o que indicaria, segundo eles, que o presidente conta o auxiliar até o final do mandato. Por enquanto, não há previsão de agenda entre Lula e Wellington Dias nos próximos dias.
O ministro embarcou nesse domingo (9) para Roma para participar da 48ª Sessão do Conselho de Governança do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida). A primeira-dama Janja da Silva o acompanha na viagem. Dias e Janja retornam na quarta-feira (12) ao Brasil. Depois disso, há previsão de agendas de Lula com o ministro em viagens pelo País nas próximas semanas que envolvam os programas Bolsa Família e Acredita. As informações são do portal de notícias g1.