Quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Grupo de herdeiros de Tarsila do Amaral questiona autenticidade de tela de 1925 atribuída à pintora

A polêmica em torno da tela “Paisagem, 1925”, atribuída a Tarsila do Amaral (1886-1973), cuja existência veio a público na 20ª edição da SP-Arte, em abril, e que teria sua autenticidade comprovada, segunda a Tarsila S.A., empresa responsável pelo gerenciamento do espólio da pintora, parece longe de chegar ao fim. Após uma nota publicada pela Agab (Associação de Galerias de Arte do Brasil) afirmando que não reconheceria o laudo elaborado num processo de quatro meses comandado pelo perito Douglas Quintale, um grupo de 25 herdeiros da modernista publicou uma carta aberta na quarta-feira (21) afirmando que também não reconhece a legitimidade da obra.

O debate em torno da autenticidade da tela colocou em foco uma disputa interna entre os próprios herdeiros da modernista, que teve seu auge no ano passado, quando, em meio a uma disputa judicial, Tarsilinha do Amaral (sobrinha neta da pintora) foi substituída na gestão do espólio por Paola Montenegro, sua sobrinha bisneta. A troca também gerou uma mudança no Comitê de Autenticação, agora presidido por Quintale, com uma alteração da metodologia para a certificação de obras de Tarsila. Antes, este processo era conduzida por Aracy Amaral, considerada a maior expert na obra da pintora no Brasil e que estava à frente da equipe que conduziu os trabalhos de elaboração do catálogo raisonné, publicado em 2008.

A tela “Paisagem, 1925″, que não consta do raisonné, é de propriedade de Moisés Mikhael Abou Jnaid, brasileiro-libanês com dupla nacionalidade, e teria sido levada para o Líbano em 1976 e voltado somente em dezembro do ano passado. Em abril, a obra estava à venda por R$ 16 milhões, mas agora sua avaliação teria saltado para R$ 60 milhões, segundo a OMA Galeria, que negocia a obra. O anúncio de que a obra teve sua autenticidade comprovada foi feita pela galeria, a Tarsila S.A., gerida por Paola, e Quintale, perito no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e dono da Quintale Art Law, especializada em certificação de obras de arte. Com a mudança na gestão do espólio, Quintale passou a presidir também o Comitê de Autenticação de Obras de Tarsila do Amaral.

Na carta aberta, na qual afirma-se que há a subscrição de 50% dos herdeiros da pintora, os sucessores “manifestam seu completo e total repúdio às afirmações lançadas por pessoas que não estão autorizadas pela maioria da família para alterar e certificar a autenticidade de obras da renomada artista plástica”. O texto, que conta com a subscrição de Tarsilinha, ainda afirma que “os herdeiros mais próximos de Tarsila do Amaral nunca ouviram falar dessa obra, sendo inverossímil que ela tenha permanecido oculta por tanto tempo”.

Na nota publicada pela OMA Galeria, Moisés Mikhael Abou Jnaid afirma que a obra foi um presente de seu pai, Mikael Mehlem Abouij Naid, para sua mãe, Beatriz Maluf, pelo seu matrimônio, realizado em novembro de 1960, em Pirajú (SP). A obra teria sido levada para Zahle, no Líbano, após a morte da matriarca, e teria retornado ano passado após a eclosão da guerra entre Israel e Hammas. Segundo o proprietário, ” a tela tem um valor simbólico e emocional” e que, até então, a família não tinha “ciência do valor estimado desta obra”.

Na nota publicada pela Associação de Galerias de Arte do Brasil, os marchands afirmam não reconhecer o laudo de autenticidade da tela “assim como outros eventuais laudos de obras atualmente desconhecidas que venham a surgir no futuro”, caso não contem com a participação de Tarsilinha, Aracy Amaral, Vera d’Horta, Regina Teixeira de Barros, e Maria Izabel Branco Ribeiro, responsáveis pela catalogação das obras da artista em seu catálogo raisonné.

Em entrevista ao jornal O Globo, Douglas Quintale disse que o processo de autenticação contou com avaliações de grafotecnia e pinacologia, exames de luz ultravioleta, infravermelho e imagens hiperespectrais.

“Foi tudo feito com tecnologia de ponta. Se fosse para autenticar um Picasso, um Zurbarán, um Leonardo da Vinci, seria feito da mesma forma. Com a tecnologia mais avançada disponível hoje, o nível é de 100% de acerto de que se trata de uma obra original”, disse Quintale.

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Grupo de herdeiros de Tarsila do Amaral questiona autenticidade de tela de 1925 atribuída à pintora

A polêmica em torno da tela “Paisagem, 1925”, atribuída a Tarsila do Amaral (1886-1973), cuja existência veio a público na 20ª edição da SP-Arte, em abril, e que teria sua autenticidade comprovada, segunda a Tarsila S.A., empresa responsável pelo gerenciamento do espólio da pintora, parece longe de chegar ao fim. Após uma nota publicada pela Agab (Associação de Galerias de Arte do Brasil) afirmando que não reconheceria o laudo elaborado num processo de quatro meses comandado pelo perito Douglas Quintale, um grupo de 25 herdeiros da modernista publicou uma carta aberta na quarta-feira (21) afirmando que também não reconhece a legitimidade da obra.

O debate em torno da autenticidade da tela colocou em foco uma disputa interna entre os próprios herdeiros da modernista, que teve seu auge no ano passado, quando, em meio a uma disputa judicial, Tarsilinha do Amaral (sobrinha neta da pintora) foi substituída na gestão do espólio por Paola Montenegro, sua sobrinha bisneta. A troca também gerou uma mudança no Comitê de Autenticação, agora presidido por Quintale, com uma alteração da metodologia para a certificação de obras de Tarsila. Antes, este processo era conduzida por Aracy Amaral, considerada a maior expert na obra da pintora no Brasil e que estava à frente da equipe que conduziu os trabalhos de elaboração do catálogo raisonné, publicado em 2008.

A tela “Paisagem, 1925″, que não consta do raisonné, é de propriedade de Moisés Mikhael Abou Jnaid, brasileiro-libanês com dupla nacionalidade, e teria sido levada para o Líbano em 1976 e voltado somente em dezembro do ano passado. Em abril, a obra estava à venda por R$ 16 milhões, mas agora sua avaliação teria saltado para R$ 60 milhões, segundo a OMA Galeria, que negocia a obra. O anúncio de que a obra teve sua autenticidade comprovada foi feita pela galeria, a Tarsila S.A., gerida por Paola, e Quintale, perito no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e dono da Quintale Art Law, especializada em certificação de obras de arte. Com a mudança na gestão do espólio, Quintale passou a presidir também o Comitê de Autenticação de Obras de Tarsila do Amaral.

Na carta aberta, na qual afirma-se que há a subscrição de 50% dos herdeiros da pintora, os sucessores “manifestam seu completo e total repúdio às afirmações lançadas por pessoas que não estão autorizadas pela maioria da família para alterar e certificar a autenticidade de obras da renomada artista plástica”. O texto, que conta com a subscrição de Tarsilinha, ainda afirma que “os herdeiros mais próximos de Tarsila do Amaral nunca ouviram falar dessa obra, sendo inverossímil que ela tenha permanecido oculta por tanto tempo”.

Na nota publicada pela OMA Galeria, Moisés Mikhael Abou Jnaid afirma que a obra foi um presente de seu pai, Mikael Mehlem Abouij Naid, para sua mãe, Beatriz Maluf, pelo seu matrimônio, realizado em novembro de 1960, em Pirajú (SP). A obra teria sido levada para Zahle, no Líbano, após a morte da matriarca, e teria retornado ano passado após a eclosão da guerra entre Israel e Hammas. Segundo o proprietário, ” a tela tem um valor simbólico e emocional” e que, até então, a família não tinha “ciência do valor estimado desta obra”.

Na nota publicada pela Associação de Galerias de Arte do Brasil, os marchands afirmam não reconhecer o laudo de autenticidade da tela “assim como outros eventuais laudos de obras atualmente desconhecidas que venham a surgir no futuro”, caso não contem com a participação de Tarsilinha, Aracy Amaral, Vera d’Horta, Regina Teixeira de Barros, e Maria Izabel Branco Ribeiro, responsáveis pela catalogação das obras da artista em seu catálogo raisonné.

Em entrevista ao jornal O Globo, Douglas Quintale disse que o processo de autenticação contou com avaliações de grafotecnia e pinacologia, exames de luz ultravioleta, infravermelho e imagens hiperespectrais.

“Foi tudo feito com tecnologia de ponta. Se fosse para autenticar um Picasso, um Zurbarán, um Leonardo da Vinci, seria feito da mesma forma. Com a tecnologia mais avançada disponível hoje, o nível é de 100% de acerto de que se trata de uma obra original”, disse Quintale.

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