Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 17 de fevereiro de 2024
Prestes a completar dois anos (em 24 de fevereiro), a guerra contra a Ucrânia tem drenado os cofres públicos da Rússia. Mas as reservas fiscais de proteção acumuladas por Moscou nas últimas duas décadas são suficientes para vários anos, mesmo que os preço do barril de petróleo caia para US$ 60.
O saldo líquido do Fundo Nacional de Riqueza mantido pelo governo de Moscou foi reduzido em mais de metade ao longo de 24 meses de conflito com o país vizinho, resultando em uma queda que chega a US$ 58 bilhões.
Trata-se de uma reserva acumulada com receitas provenientes do setor de energia e que totalizava US$ 55 bilhões (quase 3% do Produto Interno Bruto russo) no início deste mês, informaram as autoridades de Moscou. Em 1º de janeiro de 2022, quase dois meses antes da invasão, o montante era de US$ 112,7 bilhões (6,6% do PIB).
Em recente contato com uma multidão de militantes na cidade de Tula, espécie de “capital” da indústria de armas do país, o presidente Vladimir Putin se vangloriou – sob aplausos – do fato de a economia russa ter superado as sanções ocidentais impostas após sua invasão da Ucrânia:
“Eles previram declínio, fracasso, colapso, que nós recuaríamos, desistiríamos ou nos desintegraríamos. Isso faz você querer mostrar a eles um gesto conhecido, mas não farei isso, há muitas senhoras aqui. Eles não terão sucesso! Nossa economia está crescendo, ao contrário da deles.”
O presidente da Rússia se vangloriou de que a economia russa não apenas resistiu a um ataque de sanções dos países ocidentais, mas agora é maior do que todos, exceto dois deles. Ele se referia à classificação do Banco Mundial do PIB por paridade de poder de compra, na qual a Rússia supera ligeiramente a Alemanha. “Toda a nossa indústria fez a sua parte”, disse ele.
No dia 30 de janeiro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) pareceu concordar essa avaliação. O órgão revisou sua própria previsão de crescimento da economia russa para 2,6% neste ano, um aumento de 1,5 ponto percentual em relação ao que havia previsto em outubro passado.
Superação
A resiliência da economia russa surpreendeu muitos economistas que acreditavam que a primeira rodada de sanções pela invasão da Ucrânia, há quase dois anos, poderia causar uma contração catastrófica. Em vez disso, dizem eles, o Kremlin gastou seu caminho para sair de uma recessão, evitando as tentativas ocidentais de limitar suas receitas com vendas de energia e aumentando os gastos com defesa.
A Rússia está direcionando um terço de seu orçamento – 9,6 trilhões de rublos (R$ 519 bilhões) no ano passado e 14,3 trilhões de rublos (R$ 773 bilhões) em 2024 – para o esforço de guerra, um aumento de três vezes em relação a 2021, o último ano completo antes da invasão.
Isso inclui não apenas a produção de equipamentos, mas também pagamentos sociais relacionados à guerra para aqueles que lutam na Ucrânia e suas famílias, além de alguns gastos nos territórios ocupados.
Esse aumento significativo nos gastos militares marca “uma ruptura impressionante com o desenvolvimento pós-comunista da Rússia até o momento”, concluiu um recente relatório do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri).
Os próprios principais funcionários econômicos de Putin alertaram que um aumento nos gastos públicos representa o risco de um superaquecimento importante da economia no futuro próximo. Mas o crescimento continua robusto, ao menos por enquanto. E tudo isso teria sido impossível se a Rússia não continuasse a gerar receitas colossais de seus recursos energéticos, apesar das sanções.