Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 7 de dezembro de 2024
As forças rebeldes que tentam derrubar o ditador sírio Bashar al-Assad, no poder há 24 anos, anunciaram nesse sábado (7) que tomaram o controle total de Homs, a terceira maior cidade do país, além de Quneitra, perto da fronteira com Israel, e Sanamayn, a cerca de 20 km da entrada sul de Damasco.
Combatentes liderados pelo movimento extremista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ou Organização para a Libertação do Levante, chegaram aos subúrbios da capital. O Hayat Tahrir surgiu como uma filial da Al Qaeda, o grupo terrorista por trás dos atentados do 11 de Setembro.
Relatos de moradores de Damasco publicados pela agência de notícias Associated Press indicam que a cidade está com segurança reforçada. Há corrida aos mercados e falta de alimentos.
Autoridades sírias disseram à agência Reuters que soldados e comandantes do regime de Assad já deixaram Homs, e fontes ligadas à milícia rebelde afirmaram que o grupo entrou no quartel central da cidade e tomou um presídio. Centenas de presos fugiram.
Homs é um ponto crítico no conflito, já que conecta Damasco à costa mediterrânea, onde estão localizadas bases militares da Rússia, principal aliada de Assad.
O ministro do Interior da Síria, Mohamed al Rahmun, afirmou que as forças oficiais de segurança estabeleceram um cordão “muito forte” ao redor de Damasco, para evitar a tomada da capital.
“Há um cordão militar e de segurança muito forte nos limites de Damasco e sua área rural, e ninguém (…) pode penetrar na linha de defesa que nós, as Forças Armadas, estamos construindo”, disse o ministro na televisão estatal.
Em uma reunião no Catar, representantes de Rússia, Turquia e Irã pediram diálogo entre o governo sírio e as forças opositoras. No entanto, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que a negociação não deve incluir os extremistas do HTS. “É inaceitável permitir que um grupo terrorista assuma o controle de territórios”, afirmou o ministro de Putin, segundo a agência de notícias russa Tass.
O líder do movimento rebelde, Abu Mohammed al-Golani, disse ao jornal americano The New York Times que o objetivo é derrubar Assad e “libertar a Síria de seu regime opressivo”. Segundo ele, as tropas do Exército sírio estão enfraquecidas e desmoralizadas. “Esta operação quebrou o inimigo.”
A guerra civil na Síria começou em 2011 e, nos últimos quatro anos, parecia estar adormecida.
Em uma ofensiva relâmpago, os rebeldes tomaram grandes cidades, começando por Aleppo (a segunda maior), e chegaram aos arredores da capital em apenas 10 dias. O avanço se dá pelo norte e pelo sul.
No leste do país, onde está a fronteira com Iraque e Turquia, quem desafia Assad são os curdos.
Na guerra que já dura 13 anos e tem 500 mil mortos (sendo 200 mil civis), o ditador conseguiu manter o controle sobre a maior parte do território porque tem apoio de aliados poderosos como a Rússia, o Irã e a milícia libanesa Hezbollah.
No entanto, o momento turbulento em outras partes do mundo não favorece a Síria. Irã e Hezbollah estão enfraquecidos pelo conflito com Israel e a Rússia trava guerra com a Ucrânia que já dura dois anos.
Um porta-voz do governo da Ucrânia disse que a escalada do conflito na Síria mostra que a Rússia não consegue lutar em duas guerras ao mesmo tempo.