Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 16 de dezembro de 2024
Os planos de ocupação de Israel em territórios palestinos avançaram nos últimos meses, à medida em que a guerra contra o Hamas continua mesmo após a morte dos principais líderes do grupo. Em Gaza, o governo de Tel Aviv declarou intenção de criar zona de segurança na região norte e passou a ocupá-la com postos e bases militares. Na Cisjordânia, a anexação se acelerou com o apoio do governo judeu.
No início de novembro, alas extremistas de Israel comemoraram um novo fator que, avaliam, os fortaleceu: a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos. No primeiro mandato do líder republicano (2017-2020), a expansão de moradias para judeus na Cisjordânia se intensificou, enquanto o governo norte-americano apoiava as reivindicações territoriais de Israel.
Isso incluiu o reconhecimento, pelos Estados Unidos, de Jerusalém como capital de Israel e a mudança da Embaixada norte-americana para essa cidade. A anexação das Colinas de Golã – território da Síria – também foi reconhecida.
Embora Trump não tenha declarado explicitamente a política para seu segundo mandato, as escolhas iniciais para o governo, incluindo dos embaixadores em Israel e na ONU, são pró-Israel.
Com o avanço dos colonos no início da guerra, países aliados dos israelenses, incluindo os EUA, se opuseram à política com sanções contra os colonos, na tentativa de dissuadir o avanço. O governo de Joe Biden aplicou sanções contra cerca de sete colonos e uma organização de colonos, chamada Amana. França, Reino Unido, União Europeia, Japão e Austrália aplicaram sanções semelhantes.
Embora a manutenção das sanções seja incerta sob o mandato de Trump, a efetividade das medidas é questionada mesmo quando estão em vigor. Daniella Weiss, presidente da Nachala, por exemplo, foi sancionada pelo Canadá em 27 de junho. Três dias depois, ela posou com o ministro Bezalel Smotrich para comemorar o reconhecimento de um posto avançado ao sul da cidade de Nablus. “Um primeiro passo para frustrar um Estado palestino no coração do nosso país”, escreveu nas redes sociais um de seus apoiadores.
Ocupações
Desencadeada pelo ataque terrorista do Hamas em outubro de 2023, a campanha militar israelense ocupou uma área da Faixa de Gaza desde os primeiros dias. À princípio, Israel justificou a ocupação como parte do combate contra o Hamas e do resgate dos reféns do grupo e disse que não tinha intenção de permanecer no local.
Nos últimos três meses, no entanto, sinais concretos de uma ocupação à longo prazo começaram a surgir e movimentos colonialistas começaram a defendê-la com mais veemência e respaldo do governo.
Imagens de satélite analisadas pelo jornal americano “The New York Times” indicam que os soldados israelenses demoliram mais de 600 prédios nos arredores do chamado “corredor Netzarim”.
Trata-se de uma estrada de 10 quilômetros construída pelo Exército nos primeiros dias de guerra para impedir o retorno dos civis palestinos ao norte do enclave enquanto havia operações militares. Com as demolições, os militares israelenses passaram a controlar uma área de 46 quilômetros-quadrados (a Faixa de Gaza tem 360 quilômetros-quadrados).
Esse território faz parte de uma “zona de proteção” que conta com postos militares avançados, bases de defesa e torres de comunicação. Uma parte foi construída no início da guerra, mas muitas construções seguem em andamento, acrescenta o jornal. De 19 bases identificadas por satélite, 12 foram construídas ou expandidas a partir de setembro, com estradas de acesso pavimentadas, valas defensivas e estacionamentos para blindados.
No dia 26 de novembro, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, declarou em público que pretende reduzir a população da Faixa de Gaza pela metade. “Podemos e devemos conquistar a Faixa de Gaza, não devemos ter medo desta palavra”, disse Smotrich em um evento do Conselho Yesha, que representa os colonos de Israel que ocupam a Cisjordânia.
Conhecido como um dos membros mais extremistas do governo de Binyamin Netanyahu e colono na Cisjordânia, Smotrich jamais escondeu ser defensor da ocupação dos territórios palestinos. Além dele, também integra o governo israelense outro colono e defensor da ocupação: o ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, líder do partido Poder Judaico. (Estadão Conteúdo)