Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 27 de fevereiro de 2024
Havia povo na rua. Gente de todo Brasil para a Avenida Paulista, com 30 graus e sol a pino. A multidão (fala-se em 200 mil pessoas) agrupando-se num sensível crescimento mostrou que tinha um objetivo comum.
Bolsonaro, que convocou o evento, alvo de ter desfrutado um gosto mais doce, ainda que duração indefinida, ao ver moços e velhos, homens e mulheres, enrolados na bandeira brasileira, que saudavam um sentimento e nacionalismo esperançosamente sadio. Também tinham a ideia de que o pavilhão pátrio significava uma flagrante postura político partidária. Era de tantos que o carregavam a sensação de que alguns queriam dizer sem falar.
O evento por todo o tempo aconteceu livre e espontâneo: sustentação da cidadania. Falou alto e claro, sem gritar. Não recuou em suas posições porque a sua mensagem que, silente, repercutia no aglutinar-se de quase duas centenas de milhares que traziam a procuração de que, entre outros, querendo, mas não podendo, elegeram seus representantes, dando-lhes livre e consciente o carimbo da cidadania.
No futebol, quem sabe driblar, não dá ponta pé; quem sabe falar e tem o argumento presuntivo da verdade, não precisa nem deve dar gritos histéricos.
Brasileiros e brasileiras, decididos, libertos e ordeiros, incontáveis, vieram para dar um relato como os de Cícero, no senado romano, ante o inidôneo Catilina dispensando seus gritos e lhe dizendo que melhor estaria no dumdum tribal africano.
Os homens e mulheres da Paulista – que passa, na História, a ser um símbolo de espaço democrático – não se assustaram, mas não pediram nem pareciam querer a prestação farta de estruturas intermediadoras.
Disseram tantos – de milhares a milhas –, tantas não longínquas, com seus parceiros (muitos são e quantos mais poderão ser) não agrediram, mas alertaram que não se lhes intente agredir.
É um aviso.
Um peculiar grito que, visto ou ouvido, faz parceiros pensar na responsabilidade de ser maioria e, dos adversários, repensar no respeito que se deve ter quando se acredita pelo direito de fazer, mas não se lhe pode faltar o direito próprio.
E todos (realmente todos) devem aprender com ela ou o processo não se consolida.
Sem armas, nem mobilização militar; sem número de feridos, nem tampouco pancadaria de força armada ou jato d’água ou bala de festim, estou certo que democracia é o que aconteceu na Paulista, e não os discursos vazios de políticos inexpressivos.