Quarta-feira, 20 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 16 de setembro de 2024
Depois de décadas seguindo o mantra de que dormir era para depois da morte, os americanos despertaram para a importância de uma boa noite de sono. O tempo total de sono aumentou nas últimas duas décadas, e ainda mais nos últimos anos, de acordo com a pesquisa anual do governo federal sobre como os americanos usam seu tempo.
“A maré está mudando”, diz Matthew Walker, professor de neurociência e psicologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e diretor de um centro de sono na faculdade. “As pessoas – especialmente a Geração Z – reivindicaram seu direito a uma noite inteira de sono. E fizeram isso sem o menor constrangimento”.
Embora as atitudes em relação ao sono tenham mudado, os especialistas dizem que as recomendações básicas continuam as mesmas: pelo menos sete horas, mais ou menos no mesmo horário, com o mínimo possível de interrupções. O diferente é a quantidade de pessoas para as quais o sono virou uma fixação. Na internet, essas pessoas – às vezes chamadas de sleepmaxxers, algo como “maximizadores do sono” – exibem com orgulho seus esforços extremos em busca de um sono melhor.
Os vídeos prometem soluções para problemas que as pessoas nem sabiam que tinham. Um entusiasta recomendou um travesseiro ajustável para reduzir a pressão facial. Outra filmou a si mesma acordando com o cabelo enrolado numa touca e usando uma cinta para a mandíbula, mal conseguindo falar depois de fechar a boca com fita adesiva. Gabar-se de ir para a cama cedo virou uma tendência nas redes sociais, tanto quanto postar fotos de férias luxuosas.
Para quem se interessa pelo assunto, hoje existem fitas adesivas para a boca (que promovem a respiração pelo nariz), expansores de narinas (que reduzem ostensivamente o ronco), fitas adesivas para o nariz (que abrem as passagens nasais) e cintas para a mandíbula (que envolvem a cabeça e mantêm a boca firmemente fechada). Há essências para travesseiros, sprays de magnésio para os pés e o “mocktail da menina sonolenta”, uma mistura de suco de cereja, soda probiótica e pó de magnésio.
Há também tecnologia de ponta, como o ventilador que Antosiek experimentou, que pode custar cerca de US$ 600 (algo em torno de R$ 3.300, na cotação atual), e linhas inteiras de dispositivos vestíveis para dormir, alguns chegando a quase US$ 1 mil (cerca de R$ 5.500), que monitoram e medem a qualidade do sono das pessoas. Há um despertador “nascer do sol”, que, segundo seus criadores, desperta as pessoas de acordo com seus ritmos circadianos naturais. Para os verdadeiros entusiastas, há até um sistema de colchão que ajusta a temperatura, detecta o ronco e vibra quando está na hora de acordar. Custa cerca de US$ 4 mil (aproximadamente R$ 22 mil).
Os principais cientistas do sono entraram de cabeça nesse setor em expansão e multibilionário. Depois que Walker publicou o best-seller Why We Sleep [“Por que dormimos”], em 2017, a empresa de monitoramento do sono Oura contratou-o como consultor médico.
Mas, com o aumento do interesse pelo sono, alguns médicos e acadêmicos notaram que as pessoas estão preocupadas demais em ter uma noite de sono perfeita. Em 2017, pesquisadores do Rush Medical College e da Feinberg School of Medicine da Northwestern University criaram a palavra “ortosonia” para descrever as pessoas que procuram tratamento para problemas autodiagnosticados resultantes do uso de rastreadores de sono e dispositivos vestíveis.