Domingo, 12 de janeiro de 2025

Inflação no Brasil: forte crescimento da economia foi citado como motivo para estouro da meta em 2024

O forte crescimento da atividade econômica, a depreciação cambial e fatores climáticos foram os motivos para o descumprimento da meta de inflação em 2024, de acordo com carta enviada pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Citando um “contexto de expectativas de inflação desancoradas e inércia da inflação do ano passado”, o texto cita ainda que “a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal afetou significativamente os preços de ativos e as expectativas”.

A depreciação de 24,5% do real ante o dólar em 2024, segundo o texto, foi o fator que mais contribuiu para que a inflação superasse o teto da meta. E essa depreciação teria decorrido principalmente de fatores domésticos.

“O fato de o real ter sido a moeda de maior depreciação em 2024, considerando seus pares ao nível internacional e os países avançados, sugere que fatores domésticos e específicos do Brasil tiveram papel expressivo nesse movimento cambial”, escreveu Galípolo, observando que os efeitos diretos e indiretos do repasse cambial ainda devem se efetivar neste ano.

No documento, Galípolo cita ainda que, de acordo com as projeções do cenário de referência do Relatório de Inflação de dezembro, a inflação ficará acima do teto da meta (de 4,5%) até o terceiro trimestre deste ano, entrando depois em trajetória de declínio, mas ainda permanecendo acima da meta de 3%.

Acima do teto

O índice utilizado para a meta oficial de inflação encerrou 2024 com alta acumulada de 4,83%, acima do teto do objetivo de 4,5% — meta central de 3,0% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Desde que o regime de metas de inflação foi adotado no Brasil em 1999, essa é a oitava vez que o objetivo foi descumprido, depois de 2022, 2021, 2017, 2015, 2003, 2002 e 2001.

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, o texto do Banco Central ignorou o que seria o cerne da questão: a política fiscal. “Ela ( política fiscal) foi o centro da pressão de demanda e da depreciação do câmbio. Mas não esperava de fato que a questão fiscal fosse entrar. Veremos muito pouco disso nos documentos do BC nos próximos”, criticou ele.

“A inflação de dezembro foi mais espalhada e disseminada, mas podemos dizer que o câmbio é um dos fatores que influencia os preços. Há muitos alimentos cotados em dólar e tem muitos produtores que optam por exportações dependendo do câmbio. Há ainda o impacto que o dólar exerce sobre custos e componentes”, disse o gerente da pesquisa no IBGE, André Almeida. (Com informações de agências e Estadão Conteúdo)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Estratégia usada pelo Brasil para lidar com a ditadura da Venezuela mostra contradições, dizem analistas
Facebook, Instagram e o Threads aparecem num processo judicial nos Estados Unidos por violar direitos autorais
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play