Domingo, 05 de janeiro de 2025

Investidores estrangeiros retiram R$ 24,2 bilhões da Bolsa de Valores brasileira em 2024, pior resultado em nove anos

Os investidores estrangeiros retiraram R$ 24,2 bilhões em recursos da bolsa de valores brasileira, a B3, em 2024, no pior resultado anual em nove anos, segundo levantamento da Elos Ayta.

Desde 2016, primeiro ano levado em conta no levantamento, o saldo anual de recursos de estrangeiros na Bolsa só foi negativo em três ocasiões: 2018, 2019 e 2024.

Em contrapartida, os anos de 2016, 2017, 2020, 2021, 2022 e 2023 foram marcados por uma alta entrada de recursos estrangeiros na B3. O destaque foi 2022, ano de afrouxamento das medidas de isolamento social adotadas durante a pandemia, que contribuíram para a retomada da atividade econômica no País.

O contraste entre os anos com resultados positivos e os negativos é, sobretudo, a percepção externa sobre a condução das políticas econômicas dentro do Brasil, explica Einar Rivero, CEO da Elos Ayta.

“Momentos de maior entrada de capital costumam ser associados à recuperação econômica, à estabilidade política e à confiança no ambiente regulatório. Por outro lado, as saídas recordes, como as de 2024, podem refletir um cenário de incertezas que afetam a percepção de investidores externos”, comenta.

Rivero destaca que o fluxo de recursos estrangeiros é, também, um “termômetro da atratividade do mercado brasileiro no mercado internacional” e que o desempenho da B3 mostra a temperatura da “saúde econômica e política do Brasil”.

O Ibovespa, principal índice acionário da B3, acumulou uma queda de 10,36% em 2024.

Ao longo do ano, a entrada de capital estrangeiro só foi maior que a saída nos meses de julho agosto e setembro. Nos outros oito meses, houve maior retirada de dinheiro.

De acordo com Rivero, essa análise mensal revela um contraste com os desempenhos registrados em 2022, quando dez meses tiveram saldo positivo, e 2023, com seis meses de maior entrada que saída.

A forte alta do dólar, a aceleração da inflação, a expectativa por juros mais altos e por mais tempo e, principalmente, a deterioração do cenário fiscal – com o mercado duvidando da capacidade do governo de equilibrar as contas públicas — foram os fatores que mais contribuíram para a saída de investidores do mercado de ações nacional.

“Os números de 2024 reforçam a necessidade de políticas públicas e privadas que tornem o mercado financeiro brasileiro mais resiliente e atrativo para o capital estrangeiro”, pontua Rivero. (AG)

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