Domingo, 29 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 28 de dezembro de 2024
O ioga tem sido associado a inúmeros benefícios para a saúde. Mas será que também é o segredo para uma vida longa? Para Daisy Taylor, uma centenária de Chelmsford, na Inglaterra, a resposta é sim. Em uma entrevista recente, no dia do seu 105º aniversário, Taylor disse à BBC que atribui sua longevidade e saúde ao exercício – além de seu otimismo e apreço pelas pequenas coisas.
Ela destaca que o ioga, em especial, a ajuda a manter-se mentalmente ativa. Mesmo com sua idade avançada, Taylor continua realizando a prática – embora agora o faça mais frequentemente em uma cadeira do que no tapete.
Como uma iogue (praticante de ioga) idosa e, acima de tudo, mentalmente saudável, a centenária não está sozinha. Muitos dos mais notáveis praticantes da técnica milenar viveram vidas longas e saudáveis. Um exemplo é B.K.S. Iyengar, provavelmente o professor de ioga mais famoso de nossa época. Na infância, ele recebeu o diagnóstico de apenas alguns anos de vida após contrair simultaneamente malária, febre tifoide e tuberculose. Então, ele descobriu o exercício e começou a praticar por dez horas diárias. Não apenas sobreviveu às doenças, mas viveu até os 95 anos.
Seu cunhado e professor, Tirumalai Krishnamacharya, fundador do vinyasa ioga, viveu até os 100 anos. Já Krishna Pattabhi Jois, outro aluno renomado de Krishnamacharya e criador do Ashtanga ioga – que lançou as bases para a onda do ioga fitness – viveu até os 93 anos.
Existem muitas razões pelas quais o ioga é tão benéfico, mesmo na idade avançada. Estudos mostram que ele pode ter um efeito positivo em várias doenças relacionadas à idade, reduzindo a pressão arterial, os níveis de gordura no sangue e a obesidade.
O ioga também pode aliviar a depressão, o estresse e a ansiedade. Além disso, está associado a um estilo de vida geralmente mais saudável, como seguir uma dieta mais equilibrada.
Evidências também indicam que o ioga pode ter muitos benefícios quando se trata de envelhecimento e de se manter jovem.
Envelhecimento
Pesquisas mostram que o ioga pode influenciar o envelhecimento celular. Em um estudo, os participantes que praticaram ioga mostraram um aumento de 43% na atividade da telomerase – enquanto os participantes que apenas relaxaram apresentaram um aumento de pouco menos de 4%. A enzima telomerase é um fator chave no envelhecimento, pois ela retarda o envelhecimento celular.
Além disso, alguns iogues muito experientes podem reduzir tanto o metabolismo que seu estado fisiológico se torna semelhante ao de animais hibernando: a respiração e a frequência cardíaca diminuem significativamente, assim como a temperatura corporal. Em animais, essa fase de descanso mostra-se capaz de aumentar a longevidade. Alguns argumentam que o mesmo poderia ser verdade para os seres humanos.
À medida que envelhecemos, há um declínio mental. Aprender coisas novas e formar novas memórias se torna cada vez mais difícil. Isso se reflete no cérebro: o hipocampo, em particular, importante para a formação de novas memórias, perde substância com a idade.
Mas um estudo que examinou os cérebros de praticantes de ioga descobriu que, em geral, eles tinham uma massa cerebral maior em comparação com não-praticantes da mesma idade. Essa diferença foi particularmente evidente no hipocampo. E não só isso, mas quanto mais tempo uma pessoa praticava ioga, maior era sua massa cerebral.
Outro estudo também encontrou que a massa cerebral média de meditadores com idades entre 40 e 50 anos correspondia à massa cerebral média de não-meditadores de 20 a 30 anos. A meditação é uma parte importante do ioga.
Embora muitos desses estudos se preocupem em ajustar para quaisquer variáveis que possam influenciar o risco de declínio cognitivo de uma pessoa (como seus hábitos de vida e genética), esse controle nunca é perfeito – portanto, essas associações são apenas correlações.
Mas a pesquisa realmente mostrou que a meditação pode aumentar a massa cerebral de forma causal – e de maneira bastante rápida. Em um estudo com participantes sem experiência em meditação, um grupo participou de um curso de meditação de quatro meses, enquanto o outro grupo não participou. Após quatro meses, a massa cerebral aumentou significativamente no grupo de meditação. Mais uma vez, isso afetou particularmente o hipocampo. No geral, os dados sugerem que a meditação – e o ioga – estão associados a um cérebro mais jovem.
Estudos também analisaram a chamada “inteligência fluida” – a capacidade de resolver problemas novos e desconhecidos, aprender coisas novas e reconhecer padrões e conexões. Essa habilidade tende a declinar com a idade. Mas a pesquisa mostra que pessoas de meia-idade que praticaram ioga ou meditação por muitos anos têm melhor inteligência fluida em comparação com pessoas da mesma idade que não praticaram nenhuma das atividades.