Domingo, 08 de setembro de 2024

Jogador que aceitou proposta para cometer pênalti tentou aliciar seis companheiros

“Você está sabendo da última do Romário?”.

Foi desta forma que o presidente do Vila Nova, de Goiás, Hugo Jorge Bravo de Carvalho, descobriu que um atleta do elenco estava envolvido no esquema de manipulação de jogos.

A partir desse caso, se iniciou a investigação que resultou na Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).

Tudo já estava combinado entre o volante Marcos Alves Vinícius Barreira, conhecido como Romário, e Bruno Lopez, apontado pelo MP-GO como o líder da organização criminosa.

Romário iria cometer um pênalti na última rodada da Série B, em duelo entre o Vila Nova e Sport (PE) em novembro de 2022.

O esquema só funcionaria se outros dois jogadores cumprissem sua parte e isso foi feito.

Entretanto, dias antes da partida, Romário descobriu que ficaria no banco, e sua situação começou a se complicar.

Ele já havia aceitado R$ 10 mil do grupo para realizar a infração, com a promessa de outros R$ 140 mil quando o esquema tivesse dado certo.

Mas as apostas já haviam sido realizadas. Então Bruno Lopez sugeriu que Romário procurasse outro companheiro de time para cometer o pênalti em seu lugar, já que a aposta era apenas de que haveria um pênalti para o Sport na partida, sem especificar qual jogador seria o autor da infração.

A partir daí, o volante tentou convencer os colegas de elenco, mas nenhum deles topou.

Em depoimento, o presidente do Vila, Hugo Jorge Bravo afirmou que as tentativas causaram até “animosidade” no vestiário.

Um dos apostadores, identificado apenas como VY, entrou em contato com Gabriel Domingos de Moura, conhecido como Domingos, companheiro de elenco no Vila Nova.

Em 4 de novembro do ano passado, as mensagens revelam um acordo para Domingos cometer o pênalti no lugar de Romário, e ele afirma que fará, chegando até a enviar os dados para a transferência bancária.

Em depoimento ao MP-GO, Domingos alega que Romário pediu “para dizer para os ‘caras’ que iria fazer o pênalti contra o Sport, mas que quem realmente iria cometer o pênalti, à época, era o jogador Formiga, ex-jogador do Vila Nova e atual atleta do time do Ceará, com quem já havia conversado, ele tinha aceitado e sabia de tudo”.

No dia seguinte, 5 de novembro, véspera da partida, VY manda mensagem para Domingos perguntando se estava confirmado, ao passo que o jogador responde: “Vou nada”.

Bruno Lopez então acabou insistindo com Domingos para que aceitasse a proposta ou, ao menos, encontrasse alguém para fazer o pênalti.

O agravante foi de que Domingos disponibilizou sua conta bancária para que o valor fosse transferido a Romário, que ele posteriormente devolveu para a conta do volante.

Bruno corrobora a informação de que Romário afirmou que Willian Formiga cometeria a infração, mas o colega de elenco não sabia dessa negociação.

“O Formiga não quer fazer, se eu não explico pra ele o que o Romário fez ele quase sai na mão comigo. Romário está só dando cabeçada, não está fazendo nada só se enforcando”, afirma Domingos, que acrescenta: “O Formiga não tinha nada a ver com isso.”

No meio da conversa, Lopez compartilha trechos da conversa que teve com Romário, em tom de ameaça, falando sobre “dinheiro do crime”.

“Já to dando o papo (sic). Se essa parada não acontecer no primeiro tempo já prepara você e esse Formiga que amanhã já estamos aí em Goiânia. A carreira de todo mundo vai acabar”, afirma Bruno.

Um dos apostadores, identificado apenas como VY, entra em contato com Riquelme, à época meia do Vila Nova, mas que hoje joga pelo Campinense.

O jogador se recusa a comete pênalti. “Gosto de coisa certa pra não prejudicar nenhum lado”, afirma ele, mas o apostador insiste para que realize a infração.

“Eu não vou me meter não se não sobra do meu lado”, conclui Riquelme.

Domingos e Riquelme também conversam sobre o caso, demonstrando insatisfação com o companheiro de elenco, já que Bruno Lopez estava em contato com os dois para tentar sanar a dívida.

“Mas eu tô tranquilo, minha consciência tá tranquila, viado. Eu falei pro cara que não ia fazer o bagulho e pronto”, fala Riquelme em áudio. Ele completa: “Se for pra assumir também, eu assumo mano. É isso aí. Eu falo a verdade, mano. Se quiser acreditar, ou não acreditar já é outras coisas, tá ligado?”.

Romário não parou por aí. O atleta também procurou o volante Sousa, afirmando ser um caso de “vida ou morte” e aumentando o valor da proposta para R$ 200 mil, afirmando que “se não os cara vai vim (sic) atrás de mim”.

Sousa nega: “Tem como não”. Romário insiste: “Te peço irmão pela minha filha. Ninguém vai saber te juro”.

Sousa nega novamente, citando até um valor recebido pelo clube para garantir que o Vila Nova, no mínimo, empatasse com o Sport. Por fim, Sousa encerra as tratativas: “Tá doido. Minha carreira mano.”

O zagueiro Jordan também foi citado em convesas. O Vitinho foi atrás do Jordan mas Jordan não quis”, comenta Bruno em outro momento da conversa com Romário. Em depoimento ao MP-GO, o jogador relatou que foi procurado pelo apostador, que ofereceu R$ 50 mil para ele cometer o pênalti.

Jordan afirma que “recusou e houve até o aumento da proposta quando decidiu parar de responder”, e que mais tarde Romário também o procurou. Ele também relata que “acredita que Romário saiu mandando mensagem para quase todo mundo no Vila Nova” e que com a sua recusa, o jogador então procurou Willian Formiga.

 

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