Quarta-feira, 20 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 1 de agosto de 2023
Será lançado nesta quinta-feira (3), no Memorial do Rio Grande do Sul, o livro “Viamão 300 Anos”. A publicação inédita proporciona um passeio pelos três séculos de ocupação dos Campos de Viamão, a partir da colonização portuguesa, pelos potenciais socioambientais do território e pelos novos empreendimentos que reanimam a economia da cidade.
A obra, fartamente ilustrada, tem organização de Elmar Bones e José Barrionuevo, produção cultural de Vitor Ortiz, além do prefácio de Eduardo “Peninha” Bueno e diversos artigos.
Segundo Barrionuevo, “foram dois anos de pesquisas sobre a importância histórica dos Campos de Viamão, definidos em mapa até como Continente de Viamão, sobre um passado que foi determinante na formação da identidade dos gaúchos”.
“Um manifesto em defesa dos tesouros ambientais de Viamão”
Assim o editor Elmar Bones define o livro “Viamão 300 anos”, um trabalho de fôlego sobre o maior município da Região Metropolitana de Porto Alegre, três vezes o tamanho da capital, e que guarda a maior e mais diversificada reserva ambiental de um território intensamente urbanizado.
Dois terços do município de aproximadamente 1.500 quilômetros quadrados são áreas de preservação formadas por dois grandes parques, quatro banhados, lagoas, morros, florestas, campos e dunas.
“Todas as regiões geomorfológicas que formam a paisagem natural do Rio Grande do Sul estão resumidos ali, com sua diversidade e riqueza”, diz o editor. Segundo ele, todas essas reservas estão sob grande ameaça pela ocupação desordenada, a especulação imobiliária e as lavouras de monocultura. “O parque Saint-Hilaire já perdeu 10 por cento de sua área original para as invasões e ocupações irregulares. O Banhado Grande está cercado de lavouras de arroz e agora está entrando a soja, no Monte Verde há projeto de um lixão em cima de um aquífero.”
O livro tem 200 páginas, mais de 300 fotografias, mapas e imagens e faz um recuo na história para mostrar a ocupação dos antigos “Campos de Viamão”, onde se formaram as primeiras povoações no Rio Grande do Sul, no início do século XVIII.
Dividido em três partes, o livro aborda aspectos históricos, ambientais e econômicos da região:
Campos de Viamão – Histórico
O livro incursiona pelos trezentos anos de história, desde os primórdios da colonização portuguesa da região – debatendo a origem do nome “Viamão” – até a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, tombada como patrimônio histórico nacional e projetada pelo mesmo arquiteto militar José Custódio de Sá e Faria, que foi governador na mesma época em que o Arraial foi considerado sede do governo do Continente do Rio Grande.
A pesquisa também resgata manifestações de entusiastas do território, como o botânico francês Auguste Saint-Hilaire e o ambientalista José Lutzenberger.
Tesouros ambientais e pulmão da metrópole
Este bloco ressalta o fato de Viamão ser o maior município em área territorial da região metropolitana, com 108 quilômetros de praias junto ao Guaíba e a Lagoa dos Patos, e evidencia os tesouros socioambientais que contém: o Parque de Itapuã, o Parque Saint-Hilaire e a riqueza de fauna e flora da APA (Área de Proteção Ambiental) do Banhado Grande, na divisa com Gravataí, Glorinha e Santo Antônio da Patrulha. Do mesmo modo, salienta os 108 quilômetros de praias junto ao Guaíba e a Lagoa dos Patos e algumas das diversas lagoas internas.
O geólogo e professor Rualdo Menegat, o mesmo autor do Atlas Socioambiental de Porto Alegre, em seu texto no livro, apresenta as paisagens de Viamão e analisa a morfologia do solo no território, constatando o encontro de quatro diferentes regiões geomorfológicas que caracterizam o estado: Planalto Meridional, Depressão Periférica, Planalto Sul-Rio-Grandense (também chamado de Escudo Sul-Rio-Grandense) e Planície Costeira. Um “laboratório de diversidade”, como costuma dizer.
Caminhos de Viamão
Por fim, o livro elenca os potenciais do município na atualidade, em especial o mercado do ecoturismo com o crescimento de iniciativas ligadas ao meio ambiente: educação ambiental, lazer e esportes junto à natureza, produção de alimentos orgânicos e espiritualidade, o que é favorecido pela proximidade com a Região Metropolitana e também pela posição estratégica em relação ao sistema rodoviário e ao principal aeroporto do estado.
São apresentados empreendimentos inovadores como o conhecido Vila Ventura, o espaço gastronômico-cultural O Butiá, os campos de oliveiras, a viticultura, as cabanhas, a produção de orgânicos e lugares voltados ao estilo de vida saudável e de elevação espiritual como o Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEEB), do líder espiritual Lama Padma Santem, localizado no Caminho do Meio.