Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 27 de abril de 2023
Autor de 50 livros, a maioria sobre nutrição, dietas e estilos de vida saudáveis, o médico argentino Alberto Cormillot, uma celebridade em seu país, agora conta a experiência de ter sido pai aos 83 anos, com uma mulher 48 anos mais nova, que foi sua aluna na faculdade. O filho, agora com um ano e meio, nasceu graças a tratamentos e cirurgias para encontrar esperma nos testículos de Cormillot. O médico já superou três cânceres, sem necessidade de passar por quimioterapia. Seu maior desejo é viver até os 104 para ver o filho se formar na faculdade. “Minha vida sexual foi sempre muito entusiasta”, contou em entrevista. Veja o relato a seguir.
“Sou o pai mais longevo da Argentina. Em meu país, também sou o mais longevo em dança aérea, uma de minhas paixões, que pratico todos os fins de semana. Postei recentemente um vídeo no meu perfil no Instagram que fez muito sucesso. Recebi muitos comentários e reações positivas, porque as pessoas estão começando a entender que a idade não deve nos limitar, pelo contrário. Fui pai pela terceira vez aos 83 anos, e agora tenho 84. Emilio, meu caçula, tem um ano e meio, e sua mãe, Estefania, que chamo de Estefi, tem 35 anos. Temos uma diferença de idade de 48 anos. Meus dois primeiros filhos têm 56 e 48 anos, e meus netos 23 e 10.
Estefi foi minha aluna na faculdade, mas naquele momento não aconteceu nada. Depois ela veio trabalhar na minha clínica. Um dia veio me ver, e eu já gostava muito dela, fiquei oito anos tentando me aproximar, mas ela não me dava bola. Sempre fiz coisas que não tem a ver com minha idade, e esse aspecto da minha vida confunde muitas pessoas, principalmente a mim mesmo. Faço mais atividades hoje das que fazia aos 40 anos. Sempre pergunto para as pessoas que idade elas teriam, se elas não soubessem a idade que têm. Eu sei que sou uma pessoa velha, idosa, ou como quiserem chamar, porque tenho 84 anos, mas me sinto muito mais jovem do que isso.
Nunca imaginei a vida que tenho hoje, mas desde o primeiro momento em que Estefi e eu estivemos juntos sabia que gostaria de ter outro filho com ela. Nos casamos com festa e tudo. A família dela não gostou, ficaram mais de um ano distantes, mas quando nos casamos e depois tivemos um filho acabaram aceitando.
Meus sogros são mais novos do que eu, e hoje nos damos bem, porque temos de conviver. Quando começamos o relacionamento eu disse a eles que os entendia, que se minha filha tivesse aparecido com um namorado tão mais velho tampouco teria gostado. Mas é difícil brigar com um genro que cumpre com seu papel corretamente, como eu.
Minha mulher teve algumas dificuldades para engravidar, na verdade, ela teve mais dificuldades do que eu, que não tinha espermatozoides, mas sabia que era possível fazer uma cirurgia para encontrar esperma que não aparece na ejaculação, e fica perdido nos testículos. Pois bem, me operaram e encontraram. Como, de qualquer forma, tinha dúvidas, pedimos uma doação de esperma.
No tratamento, fertilizaram um óvulo com esperma do doador, que era um homem jovem, e outro óvulo com o meu esperma. O melhor, veja você, foi o meu, e avançamos assim.
Me cuido muito, tenho uma vida muito saudável, mas até que não o vi nascer, e vi que estava tudo bem, estive apreensivo. Nos explicaram todos os problemas que o bebê poderia ter, entre eles, autismo. O dia que Emilio nasceu foi uma revolução, na clínica, e na família. Muitos nos criticaram, e talvez tenham razão. Meu pai viveu até os 95 anos, e começou a se cuidar a partir dos 60. Eu me cuido desde os 20 anos, fui obeso e emagreci, então acho que tenho mais possibilidade de viver mais tempo.
Quero viver até os 104 anos, para ver meu filho se formar na faculdade. Se não conseguir, minha mulher vai ficar chateada. É uma ideia com a qual convivo, mas não penso nisso o tempo todo.” (Alberto Cormillot)