Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Lula diz que não fará bravata para controlar preços dos alimentos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou, em conversa com jornalistas nesta quinta-feira (30) no Palácio do Planalto, que tenha “autorizado” um aumento do preço do óleo diesel.

“Eu não autorizei o aumento do diesel. Porque desde o meu primeiro mandato, eu aprendi que quem autoriza o aumento do petróleo e dos derivados de petróleo é a Petrobras, e não o presidente da República”, disse.

Lula também afirmou que, mesmo que a Petrobras decida por um reajuste, o preço final do diesel na bomba deve ficar abaixo do que era praticado em dezembro de 2022 – último mês do governo Jair Bolsonaro.

“Se ela [Petrobras] for fazer, ainda assim vai garantir que o preço do diesel fique abaixo do que era em dezembro de 2022. Mas ainda não fui avisado, e ela não precisa me avisar. Se ela tiver uma decisão de que, para a Petrobras, é importante fazer o reajuste, ela que faça e comunique a imprensa”, continuou Lula.

Lula também minimizou a possibilidade de que o aumento nos combustíveis leve a algum estresse com os caminhoneiros do País – categoria que entrou em greve em 2018 contra a inflação do diesel e levou a um aumento expressivo da inflação no período.

“Se tiver uma movimentação de caminhoneiros, eu vou fazer o que sempre fiz a vida inteira. Nós vamos conversar com os caminhoneiros […] Vamos conversar com todo e qualquer setor que tiver qualquer problema com o governo”, disse.

Lula descarta medidas extremas para baratear alimentos

Lula também foi questionado sobre a inflação dos alimentos – que vem preocupando o governo, o mercado e os consumidores nas últimas semanas. O presidente afirmou que não fará “bravata” e nem adotará medidas extremas no tema – para evitar o surgimento de consequências como o mercado paralelo dos produtos.

“Eu não tomarei nenhuma medida daquelas que sejam ‘bravata’. Eu não farei cota [de compras], não colocarei helicóptero para viajar fazenda e prender boi, como foi feito no Plano Cruzado. Não vou estabelecer nada que possa significar o surgimento de mercado paralelo”, disse Lula.

“O que nós precisamos fazer é aumentar a produção de tudo aquilo que a gente produz. Fazer com que a chamada pequena e média agricultura – que são responsáveis pela produção de quase 100% dos alimentos – possa produzir mais. Para isso, a gente precisa fazer mais financiamento, modernizar a produção dessa gente”, seguiu.
“Eu na minha idade não posso fazer bravata. Eu preciso ter mais calma, contar até 10 e depois dizer o que vou fazer”, ponderou em outro momento.

Lula disse que também quer se reunir com setores produtivos para entender as razões de algumas altas de preços. Como exemplo, citou o óleo de soja e a carne.

“Quando eu cheguei na presidência, o preço do óleo de soja tinha caído para R$ 4. E agora, subiu para R$ 10 ou R$ 9. Ou seja, qual a explicação de o óleo de soja ter subido? Não tenho outra coisa que não chamar os produtores de soja para saber. Por que o preço da carne, que caiu 30% em 2023, voltou a subir? É apenas a exportação? É a questão da matriz?”, questionou.

“Não falta alimento no Brasil. Acontece que nós temos que ter em conta que o Brasil virou celeiro do mundo. Aquilo que a gente falava há 20 anos atrás virou verdade, o Brasil virou o celeiro do mundo”, seguiu.

Diesel pode subir até R$ 0,24 por litro

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, avisou ao presidente Lula e a seus ministros na segunda-feira (27) que a empresa terá que reajustar o preço do diesel.

Os cálculos ainda estão sendo feitos, mas integrantes da Petrobras afirmaram que o impacto na bomba deve ficar entre R$ 0,18 e R$ 0,24 por litro de diesel. Em reunião com Lula, Magda Chambriard avaliou que a gasolina e o gás de cozinha, por enquanto, não precisam de reajuste nos preços.

Segundo a Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis), na semana passada a defasagem no óleo diesel chegava a 16% em relação ao preço internacional. Na prática, mais de R$ 0,50 por litro.

Preço dos alimentos

A alta do preço dos alimentos que compõem a dieta básica dos brasileiros (arroz, feijão, frutas e café, por exemplo) é um dos principais fatores de preocupação para o governo Lula neste começo de ano.

Os preços desse setor subiram mais que a média da inflação medida em todo o país – o que faz os brasileiros “sentirem” uma alta de preços muito maior que a registrada oficialmente nas tabelas.

O governo fez diversas reuniões sobre o temas nas últimas semanas e indicou possíveis soluções em estudo – entre elas, reduzir o imposto de importação desses itens e estimular a produção via Plano Safra.

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