Quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Lula sobre bets: “Pessoas estão viciadas, gastando o que não têm; é questão de dependência”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira (3), que há muitas pessoas viciadas em apostas online, gastando o que não têm e se endividando. Ele também afirmou que o governo tirará uma posição sobre o tema. As declarações foram dadas na abertura de uma reunião sobre o assunto no Palácio do Planalto com ministros de diversas áreas, além de integrantes de outros órgãos. O áudio da fala de Lula foi divulgado pela assessoria de imprensa da Presidência da República antes da conclusão da reunião.

O assunto ganhou espaço no noticiário e no debate público depois de o Banco Central divulgar um estudo em que afirmava que as bets haviam recebido R$ 3 bilhões de beneficiários do Bolsa Família em agosto. As empresas contestam os números.

“Tem muita gente se endividando, tem muita gente gastando o que não tem, e nós achamos que isso tem de ser tratado como uma questão de dependência”, disse o presidente da República. Lula mencionou que as apostas online, operadas por empresas conhecidas como “bets”, começaram a ser regulamentadas no governo de Michel Temer. Mas, de acordo com petista, a gestão de Jair Bolsonaro não fez “absolutamente nada” sobre o assunto. “Quando nós entramos (no governo), já no primeiro semestre, a gente começou a fazer uma avaliação do setor pelo Ministério da Fazenda”, declarou Lula.

Empréstimo

Uma pesquisa realizada pela fintech Klavi apurou a conexão entre o uso de empréstimos e as apostas esportivas, as “bets”. Ao analisar uma amostra de 5 mil clientes de bancos de todo o território nacional, a instituição apurou que nos últimos 12 meses 30% já tinham buscado empréstimos e depois gasto o dinheiro (em partes ou o total) em jogos online.

Para os autores da pesquisa, o resultado demonstra que o crescimento exponencial do mercado de apostas esportivas no Brasil pode elevar o nível de endividamento da população. A empresa analisou o comportamento de crédito de 5 mil clientes de todo o Brasil para entender como o público gastava em sites de apostas e jogos de azar via aplicativos.

A companhia usou seu banco de dados e informações obtidas por meio do Open Finance para compilar as informações de forma anônima. Ela verificou o extrato dos correntistas, separou os demais gastos e comparou com os pagamentos feitos a CNPJs vinculados a empresas de apostas. Além disso, foi possível verificar que as apostas não estavam sendo feitas com dinheiro que sobrava dos correntistas, mas sim com a alavancagem pessoal, por meio de empréstimos. Ou seja, logo após adquirirem algum crédito, as pessoas gastavam em apostas.

Quanto aos valores do empréstimo solicitado, a companhia revela que a maioria busca quantias relativamente baixas, variando entre R$ 500 e R$ 4 mil. Por outro lado, o levantamento mostra um perfil de aposta variável por indivíduo. Dos correntistas que fizeram empréstimos e também apostaram, o gasto médio por apostador foi de R$ 1.113,09.

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