Segunda-feira, 10 de março de 2025

Lula vive sua pior fase e precisa ouvir mais aliados, diz o presidente do partido União Brasil

O presidente Lula (PT) vive seu pior momento no terceiro governo e precisa ouvir mais os partidos aliados. Esta é a avaliação de Antonio Rueda, presidente do União Brasil, legenda que tem dois ministérios da Esplanada.

A fala é adotada diante de uma reforma ministerial em que partidos pleiteiam maior espaço no governo —Lula contemplou apenas o PT até o momento. Rueda criticou o anúncio de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, para a pasta da articulação política e uma possível nomeação do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência.

Para Rueda, são sinais de estreitamento do governo Lula. Lembrando que o petista amarga momentos de baixa popularidade, ele diz que o presidente deveria ampliar os canais de diálogo. Mas, na sua opinião, não parece tão disposto a ouvir mais.

“O governo não está bem. Não sou eu que estou dizendo. São as pesquisas. Lula passa pelo pior momento e não parece que esteja ouvindo”, afirmou.

O presidente do União Brasil citou como exemplo a rejeição do nome do líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), para a Secretaria de Relações Institucionais, embora apoiado pelos dirigentes do centrão. Segundo ele, a nomeação de Boulos para a Secretaria-Geral seria um sinal “de que só querem falar entre eles”, ainda que a função da pasta seja estabelecer relacionamento com movimentos sociais.

“O presidente da República tem que ser ‘assessorável’, tem que ouvir as melhores pessoas. Lula não está sendo ‘assessorável’. Tem que se abrir mais.”

Apesar das críticas, Rueda descarta a possibilidade de um desembarque imediato do governo Lula, no rastro de uma eventual saída do PP, como indicou o presidente da sigla, Ciro Nogueira em entrevista recente.

“Queremos que o governo dê certo. Mas, se o governo não melhorar, ninguém vai querer ficar”, disse ainda o dirigente do União.

As declarações de Rueda acontecem enquanto alguns aliados do governo Lula cobram maior fidelidade do União Brasil nas votações no Congresso Nacional, sob pena de perda de espaço em reforma ministerial. Também ocorrem durante as negociações de uma improvável fusão com o PP, sigla alinhada com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O partido ocupa dois ministérios, cujos titulares pleiteiam a permanência na base governista. Além deles, o ministro da Integração Regional, Waldez Goes, foi indicado por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) —hoje presidente do Senado, com o apoio do PT.

Rueda posou para fotos ao lado de Bolsonaro em Angra dos Reis, na quarta-feira (5). Ele conta que foi ao encontro do ex-mandatário a convite do presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), Rodrigo Bacellar (União Brasil). Estava em debate uma aliança para a disputa ao Palácio Guanabara no ano que vem. Bacellar é pré-candidato ao Governo do Rio.

Rueda descreveu a conversa como um exercício da democracia. “Tenho que ouvir as forças relevantes. E Bolsonaro é relevante”, justificou.

Em paralelo às negociações da reforma ministerial, em que o centrão aumenta a fatura a cada dia que passa e que o governo piora nas pesquisas, há as conversas para 2026.

As falas críticas tanto de Rueda quanto de Ciro Nogueira ecoam posicionamento nos bastidores da maioria dos parlamentares do centrão. Quando Gleisi foi indicada, em detrimento de Isnaldo, a reação foi de que Lula dobrava aposta no PT e deixava aliados a ver navios.

A tradução do movimento feita por aliados mais governistas é de que integrantes do centro querem ampliar espaços no governo, sobretudo porque fica mais dispendioso apoiar eleitoralmente uma gestão com aprovação em queda.

No Congresso, dizem que Lula está perdendo o timing de uma reforma ministerial que possa abrir espaço para mais partidos do centrão e garantir maior governabilidade.

A expectativa, contudo, é de que essa troca ainda seja feita nas próximas semanas. A prioridade do Parlamento neste ano, já sob a gestão de Alcolumbre no Senado e Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara, era de resolver o imbróglio das emendas parlamentares, o que parece ter ocorrido após decisão recente do ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal). As informações são do portal Folha de São Paulo.

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