Domingo, 22 de dezembro de 2024

Maconha, não, não e não!

Recentemente atendi uma paciente muito antiga. Os pacientes antigos, pelo tempo de convivência, se tornam amigos. Ao tentar pegar o celular para me mostrar as imagens radiológicas, deixou cair da bolsa um molho de chaves. Acho que eram mais de vinte chaves, acondicionadas em um colar de arame.

Frente ao inesperado, constrangida, me explicou que seu único filho de 35 anos era drogado! Várias vezes tinha sido internado, mas agora moravam só os dois na mesma casa. As chaves eram para deixar cerradas todas as portas da casa, garagem, armários e até freezer. Só não deixava fechada a geladeira, mas mesmo assim, até comida era trocada por maconha e crack. Uma situação que promovia profundo desgosto para si e demais familiares.

Mentalizando o cenário imediatamente associei a imagem dos zumbis na cracolândia de São Paulo e de Los Angeles.

Como médico quero deixar minha posição a respeito da descriminalização das drogas: Não! Não! Não!

Droga é toda substância que provoca mudança fisiológica ou comportamental no indivíduo. Elas são divididas em 2 grandes grupos: lícitas (cigarros, bebida alcoólica, medicamentos…) e ilícitas (cocaína, crack, maconha…).

Qualquer droga ou remédio pode produzir efeitos colaterais, mas as ilícitas estão relacionadas as doenças cardíacas, respiratórias, hepáticas e renais. Entretanto, sem dúvida, o órgão mais afetado é o cérebro! A Universidade de Oxford, analisando 23.317 pacientes concluiu que existe relação entre o consumo de maconha com depressão e suicídio.

Segundo os psiquiatras da Academia Sul-Rio-Grandense, Sérgio Ramos e Paulo Abreu a maconha ainda está associada ao desenvolvimento de esquizofrenia, alterações cognitivas e psíquicas.

Fiquei perplexo quando os membros do STF se posicionaram a favor das drogas e contra a vontade da maioria da população brasileira. Inúmeras pesquisas mostram que o povo brasileiro é contra a descriminalização.

A Datafolha concluiu em 2018 que 2 em cada 3 brasileiros declaram que a “lei das drogas” de 2006 deveria continuar vigorando, isto é: proibindo o uso da maconha . Muitas pesquisas recentes mostram resultados semelhantes. Os brasileiros contrários são de 60% a 80%.
Pessoalmente, acho que o rigor da lei 11.343 deve ser mantido.
Já existe a lei bem aceita de tolerância zero ao álcool na direção. Ela se mostrou altamente inibitória.

Não é necessária a intolerância radical de muitos países como Indonésia, Arábia Saudita e Irã que condenam os drogados a pena capital.

Diferenciar o usuário do traficante é um julgamento impossível. Existe entre eles é uma simbiose perfeita. É o usuário que sustenta o traficante e é ele que sustenta e estimula o usuário.

Evidentemente, não é possível comparar o Uruguai com o Brasil, mas lá, antes da liberação da maconha o índice de assassinatos era de 6/100.000. Em 2023 ele duplicou para 12/100.000. Muitas sociedades de países liberalistas também já se arrependeram pelo aumento de furtos e violência doméstica.

No Brasil, aqui, por favor: maconha, não, não e não!

Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor universitário

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