Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 23 de dezembro de 2024
O gabinete do presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou um novo governo nessa segunda-feira (23), depois que o gabinete anterior entrou em colapso após a saída do ex-primeiro-ministro Michel Barnier em uma votação histórica motivada pela briga pelo orçamento do país.
O novo governo, formado pelo recém-nomeado primeiro-ministro François Bayrou, inclui membros da equipe conservadora que já estava na equipe e novas figuras com posições mais centristas ou de esquerda.
A missão mais urgente de Bayrou é aprovar um orçamento para 2025. O novo governo assume o cargo após meses de impasse político, crise e pressão dos mercados financeiros para reduzir a dívida colossal da França.
Impasse
Macron prometeu permanecer no cargo até o fim de seu mandato em 2027, mas tem tido dificuldades para governar desde que as eleições antecipadas em julho não deixaram nenhum partido com maioria na Assembleia Nacional. Desde sua nomeação há 10 dias, Bayrou tem conversado com líderes políticos de vários partidos em busca do equilíbrio certo para o novo governo.
O ex-primeiro-ministro Michel Barnier renunciou no inicio de dezembro após a aprovação de um voto de desconfiança motivado por disputas orçamentárias na Assembleia Nacional, deixando a França sem um governo funcional. A líder do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, desempenhou um papel fundamental na queda de Barnier ao unir as forças com a esquerda para aprovar a moção de desconfiança.
Bayrou precisará do apoio de legisladores moderados da direita e da esquerda para manter seu governo vivo.
Gabinete
Dois ex-primeiros-ministros também se juntam ao gabinete: Manuel Valls será ministro para Assuntos Ultramarino e Elisabeth Borne será ministra da Educação.
Já o banqueiro Eric Lombard será ministro das Finanças e Bruno Retailleau, de extrema direita, continua como ministro do Interior. Sebastien Lecornu, que esteve na vanguarda do apoio militar da França à Ucrânia em meio a guerra contra a Rússia, continua como ministro da Defesa, enquanto o ministro das Relações Exteriores Jean-Noel Barrot, que viajou extensivamente pelo Oriente Médio nas últimas semanas, também mantém seu posto.
No dia 13 de dezembro, Macron nomeou o centrista veterano François Bayrou, de 73 anos, como primeiro-ministro. A indicação foi uma tentativa de pôr fim à crise provocada pelo voto de desconfiança imposto ao premiê anterior, Michael Barnier.
Regime
A França tem um regime semipresidencialista. Isso quer dizer, na prática, que o presidente cuida de temas de política externa e defesa enquanto a política doméstica é tocada no dia a dia pelo premiê.
Após a vitória da extrema direita nas eleições europeias em junho, Macron, numa jogada ousada, antecipou as eleições para o Parlamento, em uma tentativa de ampliar sua base. A aposta deu errado. A extrema direita liderada por Marine Le Pen aumentou de tamanho e só não conseguiu apoio para nomear o premiê porque a Frente Ampla de esquerda se aliou com os centristas de Macron no segundo turno.
Após as eleições, Macron se negou a nomear um premiê de esquerda, temendo que a agenda da Frente Ampla desmontasse sua agenda econômica de reformas. A segunda maior economia da União Europeia tem altos níveis de déficit e dívida públicos para a zona do euro. Por isso, Macron quer aprovar uma redução acentuada nos gastos públicos para tranquilizar os mercados.
Então, ele contou com o apoio de Le Pen e da direita conservadora para nomear Barnier. Só que, no começo de dezembro, Barnier perdeu um voto de confiança no Parlamento, evidenciando a frágil situação política de Macron, refém dos extremos do espectro político.
Na ocasião, durante o processo para aprovar o orçamento de 2025, a extrema direita apoiou uma moção de censura apresentada pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que dizia que Barnier não respondeu às suas demandas. (Estadão Conteúdo)