Sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Mansão de 27 milhões de reais, visita de amigos, foco em DNA e digitais: como vive Daniel Alves após soltura

A carreira de Dani Alves na elite do futebol mundial terminou, sem que ele soubesse na época, em 20 de janeiro de 2023. Seu último jogo como jogador profissional foi no dia 8 de janeiro, pelo Pumas do México, contra o Juárez. Desde então, ele só viu uma bola no pátio do presídio Brians 2, onde ficou durante 14 meses até 25 de março, quando saiu em liberdade provisória – mediante o pagamento de uma fiança de 1 milhão de euros e outras medidas restritivas.

Alves é, há duas semanas, um homem livre. O Tribunal de Barcelona concordou com a sua libertação enquanto aguarda uma sentença definitiva, depois da condenação a 4 anos e meio por agressão sexual. O ex-lateral do Barcelona verbaliza aos seus mais próximos a sua convicção íntima de que, mais cedo ou mais tarde, será absolvido e poderá restaurar a sua imagem pública. E também que, com o tempo, poderá continuar trabalhando (embora não mais como jogador) no mundo do futebol.

Nestes primeiros dias de liberdade, Alves passa a maior parte das horas na sua casa em Esplugues de Llobregat, onde vive com a mulher, a modelo Joana Sanz. A mansão, que comprou durante a sua época de Barça por cerca de 5 milhões de euros (R$ 27 milhões, na cotação atual), o ajudou a provar à Justiça que tem raízes na cidade espanhola. Os juízes levaram este fator em consideração ao concluírem que o risco de fuga – motivo pelo qual estava em prisão provisória – foi mitigado.

Alves poderia ficar em liberdade se pagasse a fiança, concordasse em permanecer na Espanha e ficasse longe da vítima (que, segundo quem a rodeia, viu a liberdade do jogador como um “revés” na sua recuperação).

Isolado do ruído gerado pelo seu caso, o jogador de futebol recebe esporadicamente amigos enquanto avalia o seu futuro. Embora seus bens estejam bloqueados no Brasil devido a uma disputa com a ex-mulher, ele conta com um colchão financeiro mais do que generoso — é um dos jogadores de futebol mais bem-sucedidos da história — e, além disso, está recebendo retornos milionários em processos fiscais na Espanha.

Alves, porém, ficou sem emprego e sem renda. Depois do contrato com o Pumas, também caíram os contratos de patrocínio e publicidade, que rendiam quantias significativas em direitos de imagem. Nem os clubes nem as empresas de futebol, ele reconhece, regressarão, muito menos depois de ter sido condenado por agressão sexual.

A preocupação com o seu futuro corre paralela à luta que mantém para conseguir não apenas uma redução da pena, mas uma absolvição. Ele afirma sua inocência, embora a Justiça, por enquanto, diga o contrário. A sentença proferida pelo Tribunal de Barcelona considera ter ficado comprovado que Alves penetrou uma jovem de 23 anos sem o seu consentimento e com “uso de violência” num banheiro da área VIP da boate Sutton.

A pena foi baixa (4 anos e meio) porque os juízes aplicaram uma medida atenuante depois de Alves ter pagado os 150 mil euros de indenização que o Ministério Público reclamava pelos danos morais causados ​​à vítima. Uma reparação pelo dano que gerou críticas entre especialistas e juristas porque, alegavam, não só tinha uma componente de classe – só alguém com a capacidade econômica de Alves poderia fazer esse aporte – mas porque tinha sido puramente monetário, ou seja, não teria havido um desejo real de reparação. A vítima foi atacada no julgamento e durante todo o processo, em tentativas de minar a sua credibilidade, e os dados pessoais dela foram divulgados nas redes sociais de parentes do jogador.

Os juízes deram credibilidade ao depoimento da vítima sobre a penetração não consentida no banheiro, mas admitiram que o seu relato da meia hora anterior, na área VIP de Sutton, não corresponde ao que mostram as câmeras de segurança. A vítima descreveu uma situação de medo e repulsa ao jogador de futebol, mas as imagens mostram uma aproximação entre eles.

Alves quer usar este descompasso para atacar a sentença e pede, no recurso que já apresentou ao Superior Tribunal de Justiça da Catalunha, a absolvição.

“Apenas entre 10 e 20% do que foi declarado pela vítima foi aceito como verdadeiro”, afirma a defesa, realizada por Inés Guardiola, a advogada criminal que concretizou o desejo do jogador de sair da prisão. Segundo ela, não se trata tanto de haver duas versões conflitantes e inconciliáveis, mas sim, de que a história do acusado é “verificada através de provas”, como os restos biológicos e os vestígios lofoscópicos (pegadas) encontradas no interior do sanitário.

O recurso contra a sentença, com quase 200 páginas, pede a absolvição do jogador e aponta que, além das histórias concorrentes, “as provas objetivas ratificam a versão de Alves”. Sobre o alegado uso de violência, o documento destaca que não foram encontrados ferimentos de qualquer natureza, além de um “pequeno” nos joelhos da mulher, compatível com a prática da felação. Três horas depois dos acontecimentos, foi encontrado DNA na cavidade oral da jovem.

Apesar de não ter havido lesões vaginais, a sentença do ex-jogador lembra que, “para a configuração de agressão sexual, não é necessário que ocorram lesões físicas, nem que haja provas de oposição heróica da vítima ao estabelecimento de relações sexuais”. A defesa, no entanto, insiste na sua argumentação e considera que também é fundamental a posição das impressões digitais da mulher no banheiro. Segundo a defesa, elas são incompatíveis com a versão da vítima.

“Alves foi condenado com declaração de denunciante incompatível com evidências científicas”, finaliza a defesa. Para o tribunal, porém, ficou claro que a questão principal, o consentimento, não ocorreu. “Não há provas”, acrescenta a sentença, de que a vítima “deu consentimento” à penetração. Mais ainda, a Justiça considerou comprovado que o jogador “subjugou a vontade da vítima com o uso da violência”. A acusação também entrou com recurso para que a pena de Daniel Alves seja aumentada.

A nova sentença ainda pode demorar entre seis meses e um ano para ser proferida e, em caso de nova condenação, Alves ainda poderá recorrer ao Supremo do país. Enquanto isso não acontecer, e se continuar a cumprir as medidas restritivas, permanecerá em liberdade provisória. O jogador já afirmou que não pretende sair e, embora queira dar explicações públicas, permanece em silêncio por orientação do seu advogado.

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