Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 17 de março de 2024
A paulista Audrey dos Reis, atualmente com 45 anos, faz parte do grupo de mulheres que adiaram a maternidade por motivos pessoais e também vinculados à carreira. Em seu caso, porém, havia uma facilidade: como ela é ginecologista e obstetra especializada em reprodução humana, a decisão foi apoiada na possibilidade de congelar seus óvulos, o que aconteceu aos 34 anos, idade que antecede a entrada naquela fase que marca o envelhecimento acentuado dos gametas femininos.
O destino de Audrey, contudo, seguiu uma rota não planejada. “Quando pensei em descongelar meus óvulos para uma fertilização, me descobri grávida aos 41 anos. Uma gestação natural, sem complicações nem tratamento de reprodução”, conta.
Médica no Instituto Ideia Fértil, em São Paulo, Audrey acredita que a ampliação de acesso à informação sobre as técnicas de reprodução humana também pode ser considerada como um dos fatores capazes de explicar o aumento das taxas de maternidade após os 35 anos de idade.
Ainda de acordo com a especialista, não há uma idade contraindicada para o congelamento, no entanto, é recomendável que seja realizado até os 35 anos — afinal, depois disso há redução na quantidade e na qualidade dos óvulos.
Após o descongelamento dessas estruturas, o processo de fertilização in vitro (FIV) pode minimizar os riscos de complicações no bebê, caso a paciente opte por realizar o diagnóstico pré-implantacional (PG), que identifica embriões sem alterações genéticas.
Quanto aos riscos para a mãe, não há nenhum indício de que as técnicas de reprodução assistida apresentem alguma vantagem com relação à concepção natural.
A especialista diz que certas complicações podem, sim, estar relacionadas à idade, mas reforça que não é possível generalizar. De acordo com ela, muitas mulheres já possuem predisposição a desenvolver problemas como diabetes e hipertensão, o que pode ser agravado ao longo da gestação – e em qualquer idade.
Além disso, hábitos prejudiciais à saúde no decorrer da vida, como consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, tabagismo e sedentarismo, são outros fatores capazes de aumentar a probabilidade de intercorrências na gestação, mesmo em mulheres mais jovens.
De olho nisso, Audrey frisa que, a despeito da idade, toda pessoa que deseja passar pela experiência da gestação deve investir em comportamentos saudáveis, como manter alimentação equilibrada, praticar atividade física e controlar possíveis doenças pré-existentes. No decorrer do pré-natal, tudo isso deve ser ajustado de acordo com as necessidade da paciente.
Outro ponto levantado por ela é a importância de analisar a saúde masculina. “O casal deve ser avaliado como um todo, não apenas a mulher, visto que o embrião é resultante da união de dois fatores (óvulo e também espermatozoide)”.
“Uma coisa que também não deve ser deixada de fora é o acolhimento e o apoio emocional, fatores que muitas vezes são vistos como secundários”, opina a especialista.