Sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Médica é presa sob suspeita de participar da morte de oficial de Justiça em Pernambuco

A médica Silvia Helena de Melo Souza Alencar foi presa sob a suspeita de ter envolvimento com o assassinato do oficial de Justiça Jorge Eduardo Lopes Borges, ex-companheiro dela e com quem tem uma filha de 6 anos. Jorge foi morto com tiros na cabeça disparados por um motociclista no dia 4 de setembro, na Zona Norte do Recife.

O delegado Luiz Alberto Braga, responsável pela investigação do caso, confirmou a prisão de Silvia Helena e que houve um relacionamento entre ela e a vítima do crime. “Ela não é a autora direta do crime”, disse o investigador. Ele também contou que essa foi a única prisão efetuada no inquérito até este sábado (17).

Silvia foi levada para a Colônia Penal Feminina do Recife. A defesa da médica negou que ela seja culpada e disse que não há motivação para o crime. Também afirmou que avalia a possibilidade de pedir um habeas corpus para ela.

O delegado informou que tem um prazo de 30 dias para concluir o inquérito, que pode ser prorrogado por mais 30 dias. Segundo Luiz Alberto Braga, detalhes sobre a investigação e a possível motivação do crime serão divulgados em uma coletiva de imprensa no início da próxima semana.

A acusação

O advogado Marco Aurélio Freire, contratado pela família de Jorge como assistente de acusação, relatou que o oficial de Justiça havia conhecido a médica no final de 2015, e os dois começaram a se relacionar. Em fevereiro de 2016, ela engravidou. A menina nasceu em outubro do mesmo ano.

Ainda segundo o advogado, os dois tentaram morar juntos, mas a relação não deu certo. Depois que se separaram, em 2017, eles começaram a brigar pelo valor da pensão e pela autorização para que Jorge pudesse ver a filha, de acordo com o defensor.

No final do ano passado, os dois discutiram em frente ao colégio onde a menina estuda, na Avenida Rui Barbosa, pois era dia de Jorge ficar com a menina, mas Silvia foi buscá-la para levar para casa, e, durante a briga, o oficial teria chamado a médica de louca, segundo o advogado.

O defensor também contou que, por conta disso, Silvia entrou na Justiça com um pedido de medida restritiva contra Jorge, dificultando as tentativas dele de passar dias com a filha. O assistente de acusação afirmou que, depois disso, Jorge recorreu à Justiça, que obrigou a mãe a permitir que o pai levasse a menina para passar o fim de semana na casa dele.

O advogado Yuri Herculano, que representa a médica, confirmou que a cliente acionou a Justiça para pedir a medida protetiva e afirmou que Jorge teria praticado violência psicológica e agressão verbal contra Silvia.

O atrito entre Silvia e Jorge se intensificou desde o início deste ano, quando o oficial de Justiça se casou mais uma vez, segundo Marco Aurélio Freire. Além da menina de 6 anos, ele deixou um segundo filho, nascido há dois meses.

O advogado da família de Jorge também contou que o oficial havia aceitado trocar a data da visita à filha a pedido do marido de Silvia, que queria levar a criança para uma festa de aniversário no final de semana seguinte. Por isso, Jorge levou a menina para passar o sábado (3) com ele.

No dia seguinte, Jorge usou um carro que não era o dele para deixar a filha na casa de Silvia. No caminho de volta para casa, o oficial foi atingido por, pelo menos, sete tiros na cabeça, disparados por um motoqueiro que estava parado no sinal atrás do automóvel dirigido pela vítima do crime.

“É [um criminoso] profissional porque ele saca a arma, empunha com as duas mãos, e sai com a maior tranquilidade do mundo. Ele não se aproxima. Eu tenho muita experiência no tribunal do júri. Geralmente, o sujeito se aproxima da vítima”, afirmou Marco Aurélio Freire.

Defesa da médica

O advogado de Silvia, Yuri Herculano, disse ter sido surpreendido com a decretação da prisão temporária porque a médica se dispôs a colaborar com as investigações desde o primeiro momento.

“O fato se deu no dia 4. E, no dia 5, quando a gente tomou conhecimento de rumores de que algumas pessoas podiam estar imputando a ela qualquer participação, já comparecemos perante a autoridade policial e nos colocamos à disposição para esclarecer qualquer fato. Nos colocamos à disposição para ele [o delegado] escutar Silvia desde o primeiro dia”, declarou Yuri.

O defensor da médica também contou que apresentou uma petição afirmando que não se oporia a entregar, espontaneamente, qualquer quebra de sigilo que o delegado entendesse ser necessária para elucidar o caso, fosse ele fiscal, telefônico ou bancário. “Infelizmente, não se procedeu dessa forma”, disse Yuri.

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