Quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Ministério da Educação planeja criar nova modalidade de ensino do País: a semipresencial

O Ministério da Educação (MEC) quer regulamentar uma nova modalidade de ensino no País: a educação semipresencial. A proposta prevê que esses cursos tenham em sua composição além da carga horária presencial e a distância, aulas ao vivo por vídeo, com turmas de até 50 alunos.

A ideia do MEC foi apresentada, na semana passada, ao Conselho Consultivo para o Aperfeiçoamento dos Processos de Regulação e Supervisão da Educação Superior (CC-Pares), que reúne representantes do governo, do Conselho Nacional de Educação e de entidades ligadas a faculdades públicas e privadas.

A medida é parte das mudanças previstas pelo MEC no marco da educação a distância, que deve ser divulgado em dezembro. A pasta afirma ter desenhado o plano com base em ampla escuta do setor. Em junho o MEC suspendeu a criação de novos cursos de educação a distância até março de 2025. A medida foi tomada após uma explosão de cursos na modalidade, que cresceu 700% nos últimos dez anos.

O EAD é visto como uma opção mais barata e acessível, sobretudo para quem trabalha ou vive em áreas remotas. Por outro lado, sofre questionamentos sobre sua qualidade, sobretudo em áreas estratégicas, como a formação docente.

Conforme o Censo da Educação Superior, divulgado pelo MEC no mês passado, o total de matrículas no ensino superior na modalidade a distância no Brasil está praticamente empatado com a quantidade de estudantes no modelo presencial.

Além da regulamentação do ensino semipresencial, o MEC apresentou outras propostas, como a exigência de aplicação de provas presenciais a cada 10 semanas na modalidade a distância.

As novas propostas dividem opiniões no setor privado, principal responsável pela oferta EAD. Parte do setor considera as medidas um retrocesso por “engessar” a modalidade. Já outros representantes consideram que as mudanças são positivas por ordenar um mercado que estava bagunçado.

Desde o início de sua gestão, em janeiro de 2023, o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), tem manifestado o desejo de rever o marco regulatório da área. No ano passado, quando os dados sobre ensino superior foram divulgados pela primeira vez sob seu comando, Santana afirmou que faria mudanças na área.

“Não estamos aqui demonizando o ensino a distancia, não. Ele é importante para facilitar a vida. Mas, quero prezar pela qualidade da oferta desses cursos”, disse o ministro à época.

Ensino semipresencial

Atualmente, o ensino semipresencial não é regulamentado. A proposta do MEC é criar essa nova modalidade, que inclua além da carga horária presencial e remotas, um número de aulas síncronas, ou seja, em tempo real. A proposta, a qual o Estadão teve acesso, é que haja um limite de 50 alunos nessas atividades “para possibilitar maior interação pedagógica”.

Parte do currículo do curso poderia ser ministrado neste formato por professores e mediadores, com exigência de frequência mínima de 75% de participação.

Provas presenciais

O MEC traz ainda propostas para endurecer as regras da educação a distância. A pasta quer exigir, por exemplo, que haja aplicação de provas presenciais a cada 10 semanas a partir da finalização de cada unidade curricular.

Há ainda a obrigatoriedade de que pelo menos um terço do peso da prova seja composto por questões discursivas (e não de múltipla escolha). O ministério quer também que as provas presenciais tenham maior peso na nota final dos estudantes.

A proposta do governo traz exigências em relação à estrutura dos polos de educação a distância e também da sede das instituições. O MEC quer proibir que instituições diferentes compartilhem o mesmo edifício-sede e dividam espaço no mesmo polo.

Há universidades que compartilham a estrutura física com outras instituições de ensino. A previsão é que a partir da edição do decreto isso não possa mais acontecer.

Pela previsão do ministério, a estrutura mínima do polo EAD será: espaço de recepção; laboratório de informática; espaço para estudos e reuniões de alunos; sala de atendimento aos alunos; e sala de aula. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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